Lula derruba tarifa de Trump e resgata agro brasileiro no mercado dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu vitorioso de uma delicada queda de braço diplomática com Donald Trump. A Casa Branca anunciou a suspensão da tarifa de 40% que incidia sobre mais de 200 produtos brasileiros. Entre eles café, carne bovina, frutas tropicais, cacau e castanhas. A decisão representa não apenas um alívio bilionário para o agronegócio brasileiro. Mas se trata também de uma afirmação do poder de articulação diplomática do governo num cenário internacional cada vez mais protecionista.

A suspensão entrou em vigor no dia 13 de novembro, coincidindo com a reunião em Washington entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado americano Marco Rubio. Embora o gesto surja como sinal de boa vontade de Trump, entende-se também como resposta às pressões internas. A inflação de alimentos nos EUA ultrapassou 4,1% em outubro, conforme o Bureau of Labor Statistics. Além disso, a escassez de insumos agrícolas importados ampliava a pressão sobre o custo de vida do eleitor americano.

A conversa entre Lula e Trump, ocorrida em 6 de outubro, deu o início para a reversão da medida. Trump, em decreto oficial, mencionou que “houve progresso nas negociações com o Governo do Brasil” e incumbiu Rubio de acompanhar os desdobramentos. Embora o ex-presidente americano ainda mantenha discurso duro em temas comerciais, o recuo mostra pragmatismo diante da realidade econômica doméstica dos EUA.

A reversão das tarifas chega em momento crítico para o setor exportador brasileiro. O café, responsável por 30% das importações americanas, teve queda de 48% no volume exportado em setembro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O impacto da tarifa afetou principalmente por pequenos e médios produtores, que enfrentaram perdas e cancelamentos de contratos.

“PRESENTE DE NATAL ANTECIPADO”

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) celebrou o anúncio, apontando que a decisão “restabelece a competitividade da carne brasileira no mercado global”. Já o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) classificou a medida como um “presente de Natal antecipado” e anunciou planos para recuperar o mercado perdido nos últimos meses.

Além do café e da carne, também foram liberados itens como açaí, banana, laranja, castanhas, cacau, chá, tomate, especiarias e até fertilizantes à base de amônia — produtos fundamentais para a balança comercial brasileira e para cadeias produtivas em estados como Minas Gerais, Pará, Espírito Santo e Rondônia.

A retroatividade da medida ao dia do encontro entre Vieira e Rubio foi interpretada pelo Itamaraty como “uma vitória simbólica da diplomacia brasileira”, que teria imposto o ritmo das negociações e garantido salvaguardas para exportações em andamento.

Ainda que o gesto de Trump não elimine por completo as tensões comerciais entre os dois países, ele representa uma inflexão significativa no tom das relações bilaterais. Lula prometeu continuar dialogando “com firmeza e respeito”, visando a remoção de barreiras remanescentes.

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