22/08/2023
Política

Luta de acadêmicos da Unicentro tem apoio de departamentos

A mobilização de acadêmicos da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) em Guarapuava  ganha o apoio dos departamentos de Historia e de Educação Fisica da Instituição. De acordo com nota divulgada pelos professores do Departamento de Educação Física de Guarapuava, campus Cedeteg, através de decisão colegiada, são justas as reivindicações dos estudantes, acampados no saguão do campus Santa Cruz, desde o ultimo dia 12. O colegiado diz que a “promissora Unicentro ainda carece de maior investimento do Governo do Estado do Paraná e da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia [SETI], não apenas no que tange à assistência estudantil, mas também de investimentos reais em ensino, pesquisa e extensão”. Observa ainda que  a Instituição cumpre “enorme papel social” em uma região de baixo IDH e necessita de uma universidade forte para reverter os quadros de desigualdades sociais notórios à região. “Dessa forma, não podemos nos furtar em alertar junto com os estudantes contra a precarização do ensino superior no Estado”.

Para o colegiado de Educação Fisica, os estudantes são a perspectiva de um país mais justo, igualitário e diversificado. “Assim, consideramos legítimas as reivindicações apresentas pelos estudantes visando a melhoria das condições da vida acadêmica – leia-se ensino, pesquisa e extensão, além de assistência estudantil subsidiada e de qualidade – com a máxima urgência”

 

Historia avaliza

 O Departamento de História, reunido em  Conselho Departamental, também  decidiu expressar publicamente apoio ao movimento estudantil na Unicentro. “Solidarizamo-nos com suas demandas por entendermos que a universidade pública no Brasil tem papel crucial no desenvolvimento social, político, econômico, cultural, científico e artístico e, assim sendo, não pode operar nas atuais condições que precarizam suas funções de ensino, de pesquisa, de extensão e de popularização da ciência e tecnologia”.

            O Departamento de História também menciona a situação sócio econômica da região  para avalizar que a  assistência é fundamental. “Atualmente ela existe na forma de bolsas de monitoria, pesquisa, extensão (ainda em número pífio). Contudo, poderíamos enumerar outras alternativas de assistência que, resultantes de lutas históricas e de políticas de governo, têm ajudado a reverter situações de evasão e constrangimento de estudantes em diversos locais do Brasil”. Cita como exemplo o auxílio moradia, moradia estudantil, bolsa permanência, passe livre, assistência de saúde dentro da universidade, atendimento psicossocial, bolsa trabalho, educação infantil para filhas e filhas de estudantes, servidores e professores, criação de centros de convivência, disponibilização de um Restaurante Universitário que ofereça alimentação de qualidade a preço baixo.

 

Outras demandas

            Para o Departamento de História,  a carência de servidores técnico-administrativos força a “promiscuidade institucional” que, na prática, ao contratar estagiários, coloca-os em contradição com o que é preconizado para este tipo de atividade formativa. “Além disso, há prejuízos para o desenrolar das atividades burocrático-administrativas de departamentos e setores, na medida em que a rotatividade inerente ao estágio não proporciona a especialização que garantiria a memória e a melhoria constante das atividades nestes locais”, diz a nota oficial.

            O documento aborda também outras questões. “Do ponto de vista pedagógico, científico e tecnológico, como podemos sustentar o desejo de expansão com qualidade se não temos infraestrutura adequada para o desenvolvimento de nossas atividades? Se a quantidade de livros, de bases de dados, periódicos, estão muito aquém do mínimo? Se há um parco espaço físico para laboratórios? Se a cada aquisição de quaisquer equipamentos e instrumentos há um exercícios hercúleo de paciência para encarar o desafio burocrático, o atraso de verbas, as lutas intestinas pela aplicação dos recursos? Se a autonomia universitária é sistematicamente ignorada pelo governo estadual? Como promover qualidade de ensino se as contratações de docentes ficam engavetadas em salas de secretários dos governos neoliberais comprometidas unicamente com o desmonte do Estado? “questionam.

Entendendo que a luta dos estudantes reflete demandas das mais variadas instancias da Universidade, o Departamento faz mais questionamentos que chamam à reflexão. “ Como pensar a universidade, organicamente, com a máxima exploração do trabalho dos professores colaboradores, os quais foram transformados em uma categoria estruturante do ensino superior no Paraná, quase aproximados aos antigos animais de tração do saber, forçados a mais de 22 horas-aula nos mais variados campi e disciplinas? Será que o governo não compreende a especificidade da docência no ensino superior, que exige constante aperfeiçoamento, pesquisa, comprometimento social”? finaliza o documento.

          

 

Cristina Esteche

Jornalista

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