A denúncia feita pela mãe de um dos 240 internos da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) à Rede Sul de Notícias revelou a situação vivida durante a última operação “ bate grade”. De acordo com a mulher que preferiu não se identificar por temer represálias contra o filho, na quinta feira (17) policiais militares realizaram a operação e após tumulto acabaram batendo nos internos. No final de semana quando foi visitá-lo a mulher disse que foi surpreendida ao ver o filho ferido. “Ele está bem machucado. Um deles está com a perna quebrada e mais uns 30 foram atendidos na Urgência Municipal e levados para exame de corpo delito”. De acordo com a mãe, outro interno está urinando sangue e um morreu por falta de medicamento.
O diretor da PIG, Anderson Uchak, confirmou o acontecimento, porém, com ressalvas. “Houve um incidente durante a bate grade, mas o caso não foi tão grave assim”. Segundo Uckak, 16 internos reclamaram de agressões e foram levados para a Urgência Municipal e em seguida para o IML (Instituto Médico Legal) para exames de lesão corporal. Quinze tiveram ferimentos leves e um fraturou a perna”. A direção da PIG aguarda laudo pericial. “Está havendo uma investigação interna e tudo será apurado”.
De acordo com Uchak, a suspeita é de que alguns presos ficaram irritados pela mudança na sistemática da fiscalização e começaram um motim. “Nesse dia estava chovendo e frio e por isso, a operação foi realizada em ambiente interno”.
Em relação ao preso que morreu, Uchak disse que isso aconteceu dias antes da operação bate grade e que o interno sofreu um infarto do miocárdio e foi atendido no posto de saúde onde entrou em óbito. “Não teve nada a ver com a operação”.
A Polícia Militar também instaurou um inquérito policial militar para apurar as possíveis agressões. De acordo com o 1º tenente Fábio Zarpellon, do Serviço de Justiça e Disciplina da PM, 38 policiais deram apoio à operação que é realizada por agentes penitenciários. “A fiscalização que costumeiramente é realizada no solário foi feito em salas e o procedimento demorou. Como os internos ficam apenas com roupas íntimas e estava frio, começaram uma agitação e atacaram os policiais”. Segundo Zarpellon, para evitar que o tumulto tomasse maiores proporções, policiais dispararam tiros com balas de borracha lesionando entre três a quatro presos. “Dois caíram na minha frente quando estavam correndo para entrar. O piso estava muito liso. Isso eu vi”. Segundo Zarpellon, a PM busca esclarecer o que aconteceu na PIG. Outra observação do policial é que não há mais triagem. "Todos os que estão condenados estão indo para a PIG".
A Penitenciária ainda é considerada modelo para o País. Os internos tem acesso desde a alfabetização até o ensino superior à distância. "É a única do Brasil a ter curso superior no regime fechado", diz Uchak. Segundo o diretor, 90% estão estudando e 75% trabalham nos canetiros existente dentro da penitenciária, fabricando luvas ou botas para segurança no trabalho. Há quem trabalhe nas atividades internas e que também são remuneradas.
O e-mail da mãe à RSN
“Sou mãe de um interno que está na penitenciaria industrial (Pig), e não quero me identificar, pois tenho medo do que possa acontecer com ele. Visitei ele lá no final de semana e ele está bem machucado, pois a policia entrou lá e bateram em quase todos os presos. Um deles está com a perna quebrada e mais de 30 foram para a Urgência Municipal e foram levados fazer corpo delito. Um deles está urinando sangue e um morreu devido a esses maus tratos e falta de atendimento por parte do presidio. Esse interno morreu por falta de medicamento. Meu filho está pagando o que ele deve a justiça, assim como todos que estão lá, mas é degradante para a família, pois a gente não sabe, o que pode acontecer devido a essa falta de consideração e respeito aos direitos dos presos”. Assina: Uma mãe desesperada