22/08/2023




Guarapuava

Matutas do fogão a lenha

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(i)

Quanto mais uma palavra é evocada, mais o objeto a qual ela se refere encontra-se morto ou, no mínimo, inexistente no horizonte moral daquele que a utiliza.

(ii)

A razão, pobre coitada, pra poder viver é obrigada a estar sempre exprimida nos limites da realidade para poder ponderar de acordo com a sua natureza que é a razoabilidade.

Já a estupidez, por sua deixa, também é uma infeliz, haja vista que ela opera na vastidão ilimitada da insensatez emitindo observações na medida de sua índole: a insanidade que anseia em ser como a tal da razão.

(iii)

A idiotia ideologizada sonha em ser vista como sendo a voz da razão sem, necessariamente, fazer o menor esforço para tornar-se minimamente razoável.

A razão, por sua deixa, teme terminar seus dias na alcova da idiotia, porque sabe que a fronteira que a separa dessa triste possibilidade é por demais estreita e fácil de ser ultrapassada.

(iv)

Não especulemos sobre os fatos que desconhecemos. Isso é masturbação mental com ejaculação precoce da pior espécie. Procuremos, primeiro, conhecer os fatos desnudos – sem as vestimentas que impomos muitas vezes com os nossos olhares – e, após isso, tentemos articulá-los com outros fatos sem levantar conjecturas delirantes. Doravante, após a realização do rastreamento das conecções e articulações possíveis entre os mais variados fatos, podemos ter certeza de que – se estivermos realmente dispostos a compreender o que está acontecendo – a realidade se desvelará aos nossos olhos sem a necessidade de invencionices ideologicamente desorientadas e pretensamente críticas.

(v)

O razoável, por definição, tem limites. Agora, a imbecilidade, por sua natureza, os ignora e, por isso, é um saco.

(vi)

Quando alguém diz que pensa e avalia os fatos com isenção e criticidade é porque o limite de seu horizonte de compreensão é do tamanho duma tacanha visão infantil turvada pelo veneno gregário duma ideologia imbecilizante.

(vii)

É bom entendermos que não é a realidade que tem de caber dentro da guaiaca dos nossos desejos, mas sim, que são os nossos desejos que devem ser situados nos limites da realidade. Não entender essa obviedade é a mais pura e egolátrica infantilidade. Infantilidade que, em muitos casos, torna-se destrutiva na mesma medida em que se amplia a nossa indisposição para compreender que a realidade não está aí para atender todos os nossos caprichos, sejam eles graúdos ou miúdos.

Cristina Esteche

Jornalista

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