22/08/2023


Geral

Médico diz que suicídio é problema de saúde pública

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Taís Nichelle

Infelizmente, casos de suicídio estampam as mídias com frequência. Em Guarapuava, apenas na última semana foram notificados três casos. Segundo o médico psiquiatra José Cleber Ferreira, o suicídio é um problema de saúde pública. “O suicídio mata mais pessoas que o HIV, está entre as 10 causas de mortes mais comuns na população em geral e é a segunda maior causa de morte entre os jovens”, revela. 

As mulheres tentam suicídio três vezes mais que os homens, porém, os homens se suicidam três vezes mais que as mulheres. “As mulheres geralmente tentam se matar usando arma branca ou medicamentos. Já os homens, escolhem arma de fogo ou corda, o que faz com que eles consigam tirar a própria vida mais que elas. A cada 1 segundo uma pessoa tenta suicídio, e a cada 20 segundos, uma consegue se suicidar”, conta. 

Mas afinal, o que leva uma pessoa a tirar a própria vida? “É importante deixar claro, que ninguém tenta se suicidar para chamar atenção, como muitos julgam ser. Um suicida é uma pessoa doente. O ato é uma consequência de um problema psiquiátrico prévio. Normalmente, um quadro de depressão, abuso, dependência química ou ainda, uma desestrutura familiar. Uma pessoa se suicida porque não vê perspectiva para a própria vida, porque para ela, a única solução para seu conflito é a morte”, declara o especialista. 

Dentre as causas, está também o julgamento e o preconceito da sociedade. “Jamais deve-se julgar alguém que tenta suicídio. Em hipótese alguma a frase 'a pessoa deve se ajudar' deve ser dita, pois ela não se ajuda. Não se ajuda porque não consegue, porque está completamente doente, não vê perspectiva para a própria existência e precisa de suporte. Não se subestima suicídio, se alguém ameaça se matar, provavelmente se matará”, diz o psiquiatra.

É importante ficar atento: quem pensa em tirar a própria vida, apresenta sinais. “O suicida sempre dá pistas. Quem convive com uma pessoa solitária, que apresenta algum quadro de agressividade ou dependência química deve ficar atento. Normalmente, antes de cometer suicídio, o indivíduo escreve cartas, liga para pessoas queridas com um tom de despedida, e compra presentes fora de época”. 

Ainda segundo o psiquiatra, uma pessoa que se mata compromete a vida de outras seis pessoas. “Seja a família que jamais vai esquecer o fato, ou o (a) namorado (a) que se sentirá culpado, enfim: em média seis pessoas serão afetadas negativamente pelo ato”, complementa Ferreira. 
 

Cristina Esteche

Jornalista

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