Cristina Esteche
Guarapuava – Diariamente, Antonio Delfino sai de casa logo nas primeiras horas da manhã. No carrinho onde armazena o lixo reciclável que coleta pelas ruas da cidade, ele leva uma bagagem muito especial: o filho Guilherme, de apenas quatro anos de idade. Muito mais do que os cabelos loiros, os olhos azuis e a carinha suja, o que chama a atenção e comove qualquer pessoa que o vê é a cegueira quase total da criança. De acordo com o pai, um homem simples, o menino nasceu com catarata.
“A gente já procurou recurso, já foi feito exame e mandaram nós a Curitiba. Lá os médicos examinaram e mandaram nós de volta porque disseram que não precisava de cirurgia, mas de tratamento”. Sem qualquer orientação nesse sentido, Antonio retornou a Guarapuava com o filho. Tempos depois, a família foi morar no interior do município de Turvo. “Agora estamos morando em Guarapuava de novo”.
Antonio passa diariamente pela empresa Repinho, no bairro Industrial e foi a solidariedade de funcionários que levou o homem e a criança até o Departamento de Recursos Humanos da empresa de onde foi encaminhado até a RedeSul de Notícias. "Eu dei uma bala, ele derrubou, se abaixou e ficou tateando no chão em busca do doce. Aquela cena me comoveu. Foi de cortar o coração e pensei que tinha que ajudar essa criança", disse o gerente de RH, Victor Sebastian Korocoski.
De acordo com o chefe da 5ª Regional de Saúde, Márcio Brunsfeld, que identificou a ficha de Guilherme, a criança foi encaminhada para uma clínica oftalmológica em Guarapuava ainda em 2012. “Lá foi dito que um tratamento poderia reverter a situação”. Em 2013 o menino foi encaminhado a Curitiba. “A partir disso não existem mais dados sobre a situação da criança”.
Guilherme será encaminhado até a 5ª Regional de Saúde ainda nesta semana para a retomada dos procedimentos cabíveis ao caso.