Cristina Esteche
Guarapuava – Mesmo interditada e cumprindo as remoções de presos dentro do prazo exigido pela Vara de Execuções Penais (VEP), a Cadeia Pública de Guarapuava continua convivendo com a superlotação de presos. Até o início desta semana, 370 pessoas dividem o espaço construído para abrigar 166, segundo informação da polícia.
Embora a Defensoria Pública de Guarapuava tenha pedido a interdição total da cadeia, o que significaria o não recebimento de mais presos, a VEP determinou a interdição parcial vedando a entrada apenas de condenados. Há informações de que somente numa das galerias existem mais presos do que a capacidade total prevista, ou seja, 166. De acordo com a Defensoria Pública de Guarapuava, foi interposto recurso na instância local para a interdição total, porém, foi negado.
Além da superlotação, as precárias condições da estrutura física contribuem com a fragilidade do local. “A cadeia de Guarapuava é uma das piores do Estado”, disse o defensor Guilherme Frederico de Souza Panzenhagen à RedeSul de Notícias, nesta quarta feira (13). De acordo com o defensor público, a cadeia não acompanhou o desenvolvimento da cidade e da região.
ONDA DE VIOLÊNCIA
A onda de violência registrada nos últimos dias provocou novas prisões. Consequentemente, o número de prisões que havia sido reduzido, voltou a colocar mais pessoas nas celas. “Chegamos a mais de 400 presos e houve uma redução com as remoções, mas agora aumentou e chega a 370”, confirma o delegado chefe da 14a. Subdivisão Policial, Rubens Miranda Junior.
Embora a 14a. SDP não seja responsável pela carceragem, hoje ligada diretamente à Delegacia de Polícia do Interior (DPI), a cadeia compartilha do mesmo espaço da Delegacia da Polícia Civil. O ideal defendido por policiais é de que haja o desmembramento físico da cadeia, hoje localizada em área central da cidade, em meio à residências. “Não aguentamos mais as situações de fugas, que agora pararam um pouco, mas que podem voltar a acontecer a qualquer momento”, diz uma senhora que possui comércio perto da delegacia.
A situação continua complicada. Pela extensão da 14a. SDP, responsável por 14 municípios da região, a estrutura de recursos humanos é reduzida: o número de delegados (são apenas dois, com a promessa de outros dois que ainda estão em treinamento), o número de escrivães e outros policiais. Soma-se a isso, a gravidade dos problemas socioeconômicos de Guarapuava e da região. “Esse quadro se agrava com a crise econômica pelo qual o país atravessa”, observa Miranda Junior. O resultado é a onda de assaltos, furtos e roubos, envolvendo, principalmente, adolescentes. Nesse sentido, segundo o delegado, a ausência de um Centro de Sócio-Educação (Cense) e as limitações impostas pela legislação, aumentam a sensação de impunidade perante esse público e continuam as ocorrências de delitos envolvendo menores de 18 anos. Além do mais, Guarapuava não está no cronograma da Secretaria de Segurança Pública do Estado para construção de novas unidades prisionais.