22/08/2023

Mesmo sem estrutura, Kundun dá show na Palmeirinha

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A falta de apoio a eventos culturais promovidos por agentes que não coadunem com o grupo político do prefeito Fernando Ribas Carli ficou evidente na tarde de domingo (12), no distrito de Palmeirinha. A convite do líder estudantil Luan Chagas, que preside o Diretório Central do Estudantes (DCE) da Unicentro, a Companhia de Música e Dança AFro Kundun Balê foi até o distrito para brindar a população com o espetáculo premiado nacionalmente Acorda Raça. Tudo estava certo há mais de 30 dias. Porém, dois antes da apresentação o evento quase chegou a ser cancelado.

"Quando pedi o Espaço da Cidadão para trazer o Kundun tudo ficou certo. Mas na sexta-feira o responsável pelo espaço, Elton Marcondes me disse que não cederia o local porque eu  fico judiando dos ´home" e aí eles ficam entrando numas", disse Luan Chagas, que é filiado ao PC do B. "Só faltei implorar para que me cedessem o local, pois a comunidade queria assistir o Kundun e tudo já estava agendado há mais de um mês.  Aí me disseram que eu poderia pegar a chave porque o ´pessoal´ ia fazer campanha no distrito de Entre Rios na Olimpíada Rural  e não estariam na Palmeirinha", continua Luan. Marcondes foi procurado na tarde de domingo na Palmeirinha para comentar o assunto, mas não foi encontrado. Segundo moradores do distrito, ele coordena a campanha do candidato a deputado estadual apoiado pelo prefeito e estava em campanha no distrito de Entre Rios.

A apresentação do Kundun estava marcada para às 14 horas, mas ao chegar no local o Espaço do Cidadão estava fechado e as pessoas aguardavam numa praça ao lado. Luan não sabia mais a quem recorrer para conseguir as chaves do espaço público. Após contatar três pessoas as chaves foram entregues e o Espaço que é do cidadão foi aberto à comunidade que teve momentos de interação com a cultura negra.

"O jovem que vive na Palmeirinha não possui nenhum entretenimento. Os domingos são curtidos numa lanchonete. A nossa comunidade é carente de eventos culturais e quando um grupo se dispõe a vir aqui, de graça, não temos apoio nenhum da Prefeitura que tem o dever de incentivar iniciativas populares", comenta Luan.

Mesmo sem equipamento de som e sem qualquer estrutura o Kundun respeitou o público, composto por famílias, crianças e jovens e fez a sua parte. "A nossa intenção é divulgar o nosso trabalho, mostrar a riqueza da nossa cultura, principalmente, nos locais onde não há interferência cultural. Só lamentamos que as pessoas que administram o nosso município insistam em rejeitar o talento de crianças, jovens e mães quilombolas", disse Orlando Silva, que coordena o Kundun. De acordo com o educador e percussionista, a falta de apoio vivenciada no distrito de Palmeirinhanão surpreendeu e nem inibiu o Kundun. "Quando se trata da Prefeitura de Guarapuava nada nos surpreende. O Kundun é uma companhia premiada nacionalmente como o melhor trabalho afrobrasileiro do País, avalizado pelo Ministério da Cultura, pela Fundação Palmares e pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento (Cadon), com patrocínio master da Petrobras e o prefeito e as pessoas que trabalham com cultura na Prefeitura fecham os olhos para o nosso sucesso. Isso não nos importa. O que importa para nós é a receptividade do público. É ver as pessoas nos assistindo em pé, onde quer que se seja, nos aplaudindo, como aconteceu na Palmeirinha. Se o prefeito que esteve na nossa comunidade  na campanha de 2006 quando o seu primeiro filho era candidato, fez a sua média pedindo a criação do Kundun, e em seguida nos virou as costas, nós seguimos o nosso caminho, ultrapassando barreiras, quebrando preconceitos, ignorando esse tipo de discriminação", afirma Orlando.  

O distrito de Palmirinha foi escolhido para a prseentação do Kundun por ter grande contingente de negros nas comunidades Butiazinho, Maria das Dores e na sede do distrito.

Cristina Esteche

Jornalista

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