Miséria, esgoto e doenças se misturam nos bairros da cidade

A jovem Patrícia Carolina Voigt, 15 anos, nasceu e se criou na Vila São Vicente, conhecida como Sapolândia, e ali cria o filho de 7 meses. Estudou até a sexta série e abandonou a escola para trabalhar. Sem encontrar emprego a saída foi auxiliar a avó e o companheiro catando lixo na cidade. A renda mensal é de R$ 200,00. A casa tem apenas um cômodo, feita de laminado. Em tempo de política, os moradores aceitam placas dos candidatos, desde que sejam de compensado, para reutilizarem depois.
O que separa uma casa da outra é o esgoto a céu aberto que corre pelo terreno e se mistura ao banhado existente no local. Uma valeta descoberta é um berço para ratos e insetos. “A gente não agüenta mais essa situação. Desde que nasci, a nossa vida é assim. Quando chove alaga tudo e a sujeira vem pra dentro da casa”, reclama Patrícia, enquanto, sem nenhum proteção, separa o lixo que catou no dia anterior.

RIO ABAIXO

“Essa valeta aqui desce pro Rio Cascavelzinho. É esgoto puro”, diz dona Maria Elza Gonçalves do Nascimento, 64 anos, dos quais 33 morando na Sapolândia. “O Fernando (prefeito Fernando Ribas Carli) veio aqui e asfaltou a rua e nunca mais apareceu. Estamos abandonados. Olha essas bocas-de-lobos estão todas entupidas e não adianta reclamar na Surg, porque, para eles, nós não existimos. Só vem aqui querer pregar placa em tempo de eleição”, diz.
“Há anos eu peço apenas um caminhão de terra e nunca consegui. Na última eleição, veio um candidato a vereador que não vou dizer o nome se não ele me surra e pagou 30 copos de pinga ali no boteco pra quem estava lá. Não votei nele”, diz Raimundo Silvano do Amaral, 68 anos. Ele mora no local há 36 anos. “A gente acorda e dorme com esse esgoto. Quando está muito calor não agüentamos os mosquitos dentro da casa. Isso traz doença, né. Eu já estou desacorçoado com esse prefeito”, diz.
“Está tudo mal organizado. Quando chove alaga tudo”, reclama Olinda Monteiro, 55 anos.