Uma missa marca nesta sexta (28), os 25 anos de falecimento do líder cooperativista Mathias Leh. A celebração será na Igreja Católica da Colônia Jordãozinho, distrito de Entre Rios, em Guarapuava. Leh presidiu a Cooperativa Agrária por 28 anos. Isso pode parecer pouco para uma personalidade com tanta influência no mundo empresarial brasileiro.
Mathias se destacou também pela sensibilidade humana e pela capacidade de gerenciamento de uma das comunidades agrícolas mais avançadas da América Latina. Afinal, Mathias Leh foi um dos responsáveis pelo fortalecimento da Cooperativa Agrária numa das crises mais agudas da Colonização Suábia no Brasil, em 1966.
A VINDA
Mathias Leh nasceu na Croácia, Leste Europeu, antiga Iugoslávia. Foi expulso com milhares de “suábios do Danúbio”, como eram conhecidos na 2ª Guerra Mundial. Por isso, junto com os pais, exilou-se no interior da Áustria, dos sete anos aos 14 anos. Então repatriado veio para o Brasil.
Já em Guarapuava, foi morar na Colônia Jordãozinho, dentro de uma política internacional de assentamento de refugiados de guerra. O projeto tinha apoio financeiro da Suíça e começou com a criação da Cooperativa Agrária e de cinco colônias agrícolas. A finalidade era reproduzir em terras brasileiras, o mesmo sistema de organização rural do Leste Europeu.
O foco era manter a cultura, o dialeto e os costumes suábios, fundados sob o antigo Império Austro-Húngaro e da Alemanha. Porém, quando foi eleito presidente, Mathias Leh já tinha trabalhado em São Paulo como vendedor de arroz e depois numa empresa de comércio exterior. Ele tinha um objetivo em especial: dominar a língua portuguesa, sem perder o olhar crítico que tinha sobre o mundo. E de maneira muito particular, com os destinos da Colonização Suábia em Entre Rios.
A INFLUÊNCIA
Mathias Leh era um homem culto, diplomata por excelência, sensível às causas sociais. Acima de tudo, era um político com visão de contexto e gerenciamento administrativo. Assim sendo, conseguiu estancar o êxodo de dezenas de famílias suábias que deixavam Entre Rios. O destino era a Alemanha e outros estados brasileiros. Era uma das faces dos graves problemas que a colonização enfrentava, de safras frustradas à falta de estrutura condizente para uma vida com qualidade.
Nesse sentido, entre as primeiras preocupações de Mathias, estavam investimentos no setor educacional e na saúde, simultaneamente a uma reforma agrária interna. O objetivo era redistribuir terras entre os agricultores e anexar campos de lavouras para os jovens suábios que ingressavam no mercado de trabalho.
Sob a gestão de Mathias Leh, a Cooperativa Agrária construiu a Agromalte, que já nasceu como a maior produtora de malte cervejeiro da América Latina. Além disso, expandiu o parque industrial (moinho de trigo, farelo) dentro e fora de Entre Rios. Assim, a Agrária tornou-se referência mundial em cooperativa. E Entre Rios, em modelo de organização social, cultural e econômica.
Nesse período, de presidentes da República a governador e embaixadores, todos passaram por Entre Rios. Sem contar pesquisadores da área agrícola, antropologia, geografia e comunicação social.
FILOSOFIA
Com Mathias Leh, a filosofia de ação da Cooperativa Agrária era inclusiva, resolutiva. O homem que tinha um poder de alcance quase incontestável, era de uma simplicidade contagiante, voltado para a família, humano por excelência. A história de Mathias Leh está imortalizada no livro “Mathias Leh – Um olhar para o futuro”, escrito pelo jornalista guarapuavano Paulo Esteche.
Em Entre Rios, Mathias emprestou o nome ao Centro Cultural construído durante sua última gestão na Cooperativa Agrária. Hoje, sexta (28), os 25 anos de sua morte serão lembrados com uma missa.