22/08/2023




Cotidiano Guarapuava

Moradores do 2000 sofrem com casas mal acabadas

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Da Redação

Guarapuava – As casas foram entregues no dia 06 de abril com o anúncio de que estariam prontas para moradia. Porém, o sonho de muitas famílias se transformou em pesadelo tão logo puseram os pés dentro de casa.

Localizadas no Residencial 2000, no alto da XV de Novembro, em Guarapuava, a maioria das 80 residências apresentam problemas. As casas foram entregues em abril. LEIA AQUI

Rede elétrica e de água que não funcionam, goteiras, tanques sem instalação, parede trincada, porta sem pintura, vazamentos e caixa d’água pingando são apenas alguns dos problemas apontados por moradores.

“Na minha casa estamos tomando banho frio porque só uma tomada funciona”, diz Ana Rita Batista, moradora na Rua dos Bombeiros. “Aqui, o vaso está solto e a descarga não funciona. As torneiras também estão soltando”, diz Maria Cecília Ribeiro, na Rua dos Médicos.

“Eu não sou feliz aqui. E nós que achamos que esta seria a casa da nossa vida”, desabafa Ivanalda. Casada com Bruno Porto, um senhor aposentado e cego, ela diz que demorou 15 dias para poder levar a mudança. “No dia da entrega das chaves nos disseram que estava tudo certo, mas quando viemos aqui estava tudo errado: sem luz, sem água, janelas sem ferrolhos, torneira podre no banheiro, falta de segurança; já fomos furtados”, diz Ivanalda. Para ter acesso a água e luz, o casal teve que quitar uma dívida de quase R$ 3 mil de água e luz deixada pela empreiteira anterior, já que nessa casa funcionava o escritório da empresa. Além do débito, a fiação não tinha sido levada até a casa.

”Não somos coitadinhos pra ter que nos humilhar como muitos estão fazendo. Sou uma pessoa com curso superior e conheço os nossos direitos. Esta casa foi comprada, porque vamos pagar o financiamento”, comenta Bruno Porto.

Na tarde desta terça (02), ele tentava trocar a torneira do banheiro. “Eu sou cego e não tenho quem faça. O pessoal da empreiteira trouxe os ferrolhos e a torneira e deixou aí pra que a gente arrume”.

Segundo Bruno, a Prefeitura fez a sua parte de forma correta. “Eles [Prefeitura] deixaram tudo certo e a casa é boa, péssimo é o trabalho da empreiteira”, reclama. Nas janelas é possível ver que estão fechadas com pedaços de arame para dar um pouco de segurança.

O projeto integra os governos Federal, Estadual e Municipal, com investimentos de aproximadamente R$ 31 milhões.

“Todos são problemas corriqueiros, de manutenção mesmo, mas estamos fazendo os reparos”, afirma Marcio Delgado.

De acordo com Selton Patrick Muller, responsável pelo escritório da Construtora Piacentini, a parte elétrica das casas apresenta problemas porque foi vandalizada. Essa é a segunda empreiteira que trabalha no Residencial já que a Marva abandonou a obra.

A Construtora Piacentini retomou as obras de construção de 500 casas em agosto de 2015.

 “Estamos indo casa por casa, arrumando todos os defeitos, mas muitas pessoas não vem até nós para reclamar”.

Selton disse também que a vistoria na rede de água, antes da entrega das casas, não foi possível porque a Sanepar terminou as ligações no dia da entrega das chaves. Quando a rede de energia elétrica ela só é ligada depois que o mutuário entra na casa.

Selton colocou o escritório da empreiteira à disposição dos mutuários, das 7h30 às 17h30 (9.9801- 0966).

FALTA SEGURANÇA

Furtos, roubos e perturbação do sossego são as principais reclamações de moradores no Residencial 2000.

A rotatória, na Rua dos Policiais, segundo Bruno Porto, é local do encontro de desocupados, durante a noite. “Eles puxam uma extensão de uma das casas, colocam quatro caixas de som e ficam até a madrugada, gritando, consumindo drogas e atentando ao pudor. “Precisamos de uma viatura fazendo a ronda”, reivindica Ivanalda.

Os imóveis do Residencial 2000 são destinados ao atendimento de famílias com renda mensal de até R$ 1.600 mensais, que pagam parcelas equivalentes a 5% da renda, que variam entre R$ 25 e R$ 80, por um período de 10 anos.

Cristina Esteche

Jornalista

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