22/08/2023
Cotidiano Guarapuava

Morre em Cuiabá a guarapuavana Cleo Fernandes de 57 anos

Cleo lutava contra câncer e ainda não há definição sobre o possível translado do corpo para velório e sepultamento em Guarapuava

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Cleo Fernandes (Foto: Reprodução/Facebook)

Morreu em Cuiabá (MT) na manhã desta quarta (8) a guarapuavana Cleonice Fernandes, a Cleo de 57 anos. Ela estava internada há dias e lutava contra um câncer no estômago. Conforme informações da família, ainda não há definição se o corpo será transladado a Guarapuava. Ela deixa as filhas Geisa, Bruna e Gabriela.

Cleo era formada em matemática pela Unicentro. No entanto, para ela, o céu nunca foi o limite. Morou no Timor Leste, fez doutorado em Portugal e ‘pós-doc’ na Espanha. Era uma ativista também na luta da mulher negra. Desse modo, uma das maiores doações encontrou respaldo na inquietude que a levou longe. Isso porque ela atuou como missionária, integrando um grupo de 50 professores escolhidos pelo governo federal para integrar uma missão no país mais pobre da Ásia, o Timor Leste.

Conforme Cleo, a tarefa era levar conhecimento a outros professores timorenses. “O que os países fazem é mandar soldados. O Brasil vai mandar educação. Nós seremos soldados da educação”, disse ela à época. Tratava-se do Programa de Qualificação Docente em Língua Portuguesa no Timor Leste, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da UFMT.

LATTES

Dona de um currículo lattes invejável, Cleo fez doutorado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Portugal em Ciências da Motricidade, revalidado pela UNESP-Rio Claro. Como bióloga, atuou como professora no PPGEn, mestrado em ensino da Universidade de Cuiabá em associação ampla com o Instituto Federal de Mato Grosso.

De acordo com a trajetória profissional, atuou em Educação Matemática, Especial e Inclusiva por 32 anos no Ensino Básico, classes regulares e centros de recursos. Foi membro da Comissão Brasileira de Estudos e Pesquisas de Soroban da SEESP/MEC (2001- 2008). Também co-autora de duas publicações (2006 e 2011) na área da educação matemática para cegos na Coleção Escola Inclusiva do MEC.

PESQUISAS

Como pesquisadora se aprofundou no ensino, motricidade, dificuldades/transtornos de aprendizagem, educação ambiental e educação infantil. Assim como em ciências para crianças, alfabetização matemática, inclusão, pedagogia sistêmica e neurociências no ensino. De acordo com informações, as atuais investigações dos mestrandos sob a orientação dela, incidem em práticas de meditações ativas na escola. Ou seja, mente, corpo, cognição (mindfullness).

Conforme o currículo, Cleo era membro do Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Saúde Pública do Estado de MT desde 2012. Também era sócia fundadora do Museu Internacional da Mulher em Portugal (2016). Além de responder pela secretaria do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso, entre  2015 e 2020. Em 2017/18 atuou como consultora do MEC/SECADI para o Atendimento Educacional Especializado nas Salas de Recursos Multifuncionais das Regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil.

Além disso, desenvolveu em 2018 pesquisa pós-doutoral na Universidade de Huelva-Espanha sobre o conhecimento especializado do professor de matemática (Mathematics Teachers Specialized Knowledge) sob supervisão do professor Dr. José Carrillo Yánez (Pepe Carrillo).

Atualmente investigava BTSK – conhecimento especializado do professor de Biologia. Integrava também um projeto de experimentos de ensino (educação matemática) em convênio de cooperação técnica internacional entre PPGEn UNIC/IFMT e Universidade de Huelva/Espanha. Por fim, ainda integrava a Rede Amazônia de Educação em Ciências e Matemática.

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Cristina Esteche

Jornalista

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