22/08/2023

Morte com arma em casa: acidente, fatalidade ou homicidio?

Uma tragédia envolvendo duas crianças de 11 anos, onde uma acabou matando a outra com um tiro de espingarda na tarde desta quinta feira (06), em Guarapuava, traz à tona uma antiga discussão: ARMA CARREGADA EM CASA QUE GERA UMA TRAGÉDIA É UM ACIDENTE, UMA FATALIDADE OU HOMICÍDIO?

Essa é uma ampla discussão, e uma pequena crônica talvez não seja o suficiente para desdobrar todos os fatos jurídicos e sociais que envolvem a situação.

Porém, a discussão é necessária.

Na minha opinião, o fato não é um acidente. Uma criança de 11 anos apanha uma espingarda que estava guardada atrás de um guarda roupas, aponta para o rosto da outra e puxa o gatilho. Onde está o acidente?

Acidente seria se a arma tivesse disparado ao cair no chão, ou ela disparar ao ser carregada e fechada, o que não foi o caso.

Uma criança de 11 anos não tem condições de discernir sobre o perigo de brincar com uma arma. Muito menos tem a capacidade de analisar se ela está carregada ou não. Porém, de tanto assistir filmes onde as armas são utilizadas "a rodo", ou até mesmo brincar com armas de brinquedo, essa criança sabe onde está o gatilho e quais as consequências se ele for acionado.

Ao matar outra criança, o estrago psicológico eterno está causado nesta criança, que carregará consigo a marca da tragédia.

O Estatuto da Criança e do Adolescente irá protegê-la. Neste caso, os pais dela serão responsabilizados.

Como eu disse, esta é uma discussão que compete à Justiça e à Criminalística, que definirão de quem é a culpa.

A culpa é dos pais, que deixaram as crianças sozinhas? A culpa é do dono da arma, que a deixou carregada em um local de fácil acesso?

O culpado, ou os culpados, serão encontrados e punidos.

Mas de tudo isso uma coisa é certa: A VIDA DA CRIANÇA DE 11 ANOS QUE MORREU COM UM TIRO NO ROSTO NÃO VOLTA MAIS.

Uma criança, um inocente, uma vida inteira pela frente, interrompida por uma brincadeira.

Eu aceito o fato como uma brincadeira infeliz, mas não aceito o fato de a morte ter sido um acidente.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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