22/08/2023
Brasil Segurança

MPF denuncia Ronan Maria Pinto e outras 8 pessoas por lavagem de dinheiro

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Da Redação, com Assessoria

Curitiba – Os procuradores que integram a força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba apresentam, nesta sexta feira (06), denúncia contra o empresário Ronan Maria Pinto e outras oito pessoas envolvidas no crime de lavagem de dinheiro envolvendo cerca de R$ 6 milhões, provenientes de um empréstimo fraudulento do Banco Schahin.

O valor representa a metade do um total de R$ 12 milhões que foram repassados pela instituição financeira a José Carlos Bumlai, que figurou como pessoa interposta do Partido dos Trabalhadores (PT), em outubro de 2004 – este empréstimo já foi alvo de acusação feita pelo MPF em dezembro do ano passado. A denúncia apresentada agora é, justamente, um desdobramento dos fatos apurados anteriormente.

A partir das investigações, foi constatado que os R$ 6 milhões tiveram como destinatário final o empresário do município de Santo André (SP). Para receber os recursos, foi estruturado um esquema criminoso que, entre os meses de outubro e novembro de 2004, além do próprio Ronan, contou com a participação de pessoas ligadas ao PT e terceiros envolvidos na operacionalização da lavagem do dinheiro.

Segundo evidências levantadas durante as investigações e informações prestadas em depoimentos, toda a operação tinha como objetivo ocultar o pagamento de vantagem indevida em benefício de Ronan que estaria extorquindo representantes do PT por razões ainda não confirmadas.

O valor total do empréstimo junto ao Banco Schahin, de R$ 12 milhões, foi transferido de Bumlai para a conta bancária do Frigorífico Bertin. Na sequência, o responsável no frigorífico repassou a quantia de R$ 6 milhões para a Remar Agenciamento e Assessoria Ltda, de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, empresário do Rio de Janeiro que já havia sido indicado por outros membros do esquema.

Com os valores na conta da Remar, Vieira Filho promoveu transferências diretas e indiretas, seja em depósitos para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan, ou para outras pessoas físicas e jurídicas que foram indicadas pelo empresário para receber os valores escusos.

Para a Expresso Nova Santo André, foram repassados R$ 2.943.407,91. Ao receber este recurso, a empresa realizou transferências que totalizaram R$ 1.200.00,00 para a conta de um dos acionistas do Diário do Grande ABC como pagamento pela compra das ações do jornal. O acionista do periódico também recebeu uma transferência direta da Remar de R$ 210 mil como parte do pagamento pela venda do jornal. De acordo com depoimentos, Ronan decidiu adquirir o veículo de comunicação para impedi-lo de continuar publicando notícias em que seu nome era vinculado ao assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Também foram identificados dois repasses da Remar, feitos a pedido de Ronan, para a Mercedez Benz, totalizando R$ 1.387.500,00, e outros três repasses que somaram R$ 1.132.661,30 para a Induscar Indústria e Comércio de Carrocerias. Conforme apontaram as investigações, as duas empresas eram fornecedoras de veículos e equipamentos para outra empresa de Ronan, a Interbus Transporte Urbano e Interurbano Ltda.

Nesta denúncia, os procuradores pedem que seja fixado o valor mínimo de reparação dos danos causados pelo crime no montante de R$ 6 milhões.

LAVA JATO – Acompanhe todas as informações oficiais do MPF sobre a Operação Lava Jato AQUI

 

Cristina Esteche

Jornalista

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