22/08/2023


Abandonado há mais de 10 anos, local abriga dependentes de álcool

De acordo com o Conselho Tutelar, Polo 1, hoje (09) já foram recebidas denúncias sobre as crianças nesse ambiente

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Moradores às 13h30 desta terça feira (10)

Uma mulher, duas crianças e cerca de seis homens ocupam parte das dependências de um extinto posto de combustíveis entre a Avenida Moacir Silvestri e a Rua Saldanha Marinho, no bairro dos Estados, em Guarapuava. São 13h30 desta terça feira (09) e os andarilhos bebem cachaça enquanto as duas crianças brincam e interagem com eles. A mulher e um dos homens trocam carinhos explícitos.

“Isto aqui é um absurdo. Além de trazerem crianças ainda ficam abordando no semáforo pedindo dinheiro”, diz um motorista que está parado no semáforo por causa do sinal vermelho. Enquanto o sinal não abre, um jovem, vestido com roupas de palhaço, tenta fazer malabarismo em troca de moedas. “Eu sou daqui mesmo”, limita-se a dizer. Esporadicamente, jovens estrangeiros, que passam por Guarapuava, também mostram a arte de rua em troca de doações.

Ainda na Avenida Moacir Silvestri é comum ver indígenas da região de Laranjeiras do Sul e do Turvo sentados, expondo produtos artesanais. São, principalmente, mulheres e crianças. “Quando eles [indígenas] estão por aqui, como é o caso desta terça (09), as meninas e as crianças costumam ficar com esses homens ali no outro lado da rua”, informa uma pessoa que trabalha naquela região.

De acordo com o Conselho Tutelar, Polo 1, hoje (09) já foram recebidas denúncias sobre as crianças nesse ambiente. “Uma das conselheiras ia averiguar essa situação”. Em relação às crianças e adolescentes indígenas, segundo o Conselho Tutelar, a responsabilidade é da Fundação Nacional do Índio (Funai), cujo escritório responsável por Guarapuava está sediado em Santa Catarina. “Já houve um acordo entre o cacique de uma das tribos e o Ministério Público para que essas pessoas retornassem ao local de origem. O problema é que elas vão e voltam”, afirmou o atendente do Conselho Tutelar.

 FALTA DE ESPAÇO

Crianças em meio à bebedeira

A falta de um local apropriado para acolher as pessoas em situação de rua é um dos gargalos da área de assistência social em Guarapuava. Porém, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) presta assistência a esse público. De acordo com a assistente social Elizângela Vaz do Nascimento, já foram feitas abordagens para divulgar o trabalho oferecido na sede do órgão que fica na Rua Azevedo Portugal, 2021, atrás da Catedral Nossa Senhora de Belém, Centro da cidade. “Alguns aceitam, mas são poucos”. Segundo Elizângela, o CEAS oferece local para banho, café da manhã e no meio da tarde (das 15h às 16h), assistência para curativos, encaminhamento aos benefícios do governo, como o Bolsa Família.

“Essa situação é muito complicada e as pessoas pensam que a Assistência Social do município não faz nada, mas não é assim. Eles [os moradores em situação de rua] é que não querem auxílio. Alguns tem família, mas não ficam em casa por conta do próprio vício; outros não tem ninguém”.

LOCAL ESTÁ ABANDONADO HÁ CERCA DE 10 ANOS

O mato também toma conta do local

As antigas instalações do posto de combustível na esquina da Avenida Moacir Silvestri com a Rua Saldanha Marinho estão destruídas. Apenas o teto e alguns pilares seguram o pouco que restou. Alguns motoristas utilizam o espaço como estacionamento. Entretanto, o ponto, que é quase central, se transformou num dos “mocós” para quem não tem onde morar. Barracas, colchões, uma chapa de fogão, caixas com roupas, remetem a uma espécie de “casa” que acolhe quem ali chegar.

O consumo de bebidas alcoólicas compradas com a arrecadação feita no semáforo e no estacionamento de um supermercado nas proximidades, é o único “alimento” consumido durante o dia e a noite.

“Essa situação também é perigosa porque eles ficam andando no meio dos carros para pedir dinheiro e correm o risco de serem atropelados”, observa a assistente social Elizângela Vaz do Nascimento.

Essas instalações estão abandonadas há cerca de dez anos e preocupa quem mora no entorno, como trata matéria veiculada pelo RSN em 2015. Nesse ano, o local já estava ocupado por esse público há sete anos.

Cristina Esteche

Jornalista

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