domingo, 23 de mar. de 2025
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Mulheres do MST doam alimentos a indígenas em Guaíra

Além da doação, as camponesas do MST denunciam a violência contra o povo Ava Guarani

(Foto: Comunicação/MST)

Camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se uniram a mulheres indígenas do povo Ava Guarani, em Guaíra, no Oeste do Paraná, para uma ação de solidariedade e resistência. Nesta quinta (20), cerca de 450 cestas de alimentos, totalizando cinco toneladas, foram doadas à comunidade indígena da Terra Indígena (TI) Guasu Guavirá, que enfrenta um cenário de violência e insegurança alimentar.

A iniciativa, promovida por assentadas e acampadas do MST das regiões Norte e Noroeste do estado, faz parte da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra. Entre os itens distribuídos estão arroz, feijão, banana, batata-doce, abóbora, óleo e sal. Além de auxiliar as famílias indígenas, o MST chama a atenção das autoridades para a situação de conflito na região.

HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA

De acordo com o MST, a Região de Guaíra tem presenciado conflitos fundiários. O povo Ava Guarani, que retomou sete territórios na TI Guasu Guavirá em julho de 2024, sofre constantes ataques de grupos armados ligados a fazendeiros. Entre o final de 2024 e o início de 2025, pistoleiros atiraram contra quatro indígenas, incluindo uma criança e um adolescente. Cinco pessoas seguem com balas alojadas no corpo, sem acesso adequado à saúde.

Paulina Kunha Takua Rocay Ponhy Martines, liderança da Tekoha Yvy Okaju, denuncia a campanha de desinformação promovida por veículos de rádio da região. “Nos chamam de paraguaios, dizem que não pertencemos a este lugar. Mas nossa história não pode ser apagada. Sempre estivemos aqui, somos um povo originário.”

INSEGURANÇA ALIMENTAR

A violência territorial também impacta a alimentação dos indígenas. Conforme estudo da Defensoria Pública do Paraná, 90% das famílias Ava Guarani de Guaíra vivem em insegurança alimentar grave, consumindo apenas uma refeição por dia. Além disso, a comunidade sofre com dificuldades no acesso à educação, saúde e moradia.

Para além da doação de cestas, a Jornada das Mulheres Sem Terra também contou com atividades culturais e políticas, como a pintura de um mural coletivo.

O MST reforça que continuará mobilizado para apoiar os indígenas da TI Guasu Guavirá e cobrar providências das autoridades diante dos ataques violentos e da paralisação do processo de demarcação das terras.

*Com Comunicação do MST-PR.

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Thiago de Oliveira

Jornalista

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