22/08/2023
Segurança

Na pressa, reforma no Joaquinzão pode sepultar de vez “Caso Robson”

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Guarapuava –  O secretário municipal de Esportes, Pablo Almeida (foto), dava como certa a liberação do Ginásio de Esportes Joaquim Prestes na tarde desta terça-feira, mas foi surpreendido com a notícia da “Rede Sul”, postada no mesmo dia, de que receberia uma notificação do Ministério Público sobre a continuidade da interdição. A informação, antecipada por este site, foi confirmada na manhã desta quarta-feira em ofício dirigido pela promotora Bianca Malachine ao secretário de Esportes: o Joaquinzão continua interditado para que o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) possa realizar uma perícia independente no assoalho do ginásio, de onde uma lasca de madeira se desgrudou e atingiu mortalmente o jogador Robson Rocha.
A demora na liberação já era previsível. Se a Prefeitura atentar bem para a gravidade do problema, vai constatar que não se tratou de “apenas um acidente”. Além de Robson Costa, outros jogadores tiveram ferimentos e há várias denúncias de goteiras no ginásio. Em entrevista à “Rede Sul”, o secretário Pablo Almeida chegou a afirmar que “não há goteiras”, mas ele também disse desconhecer os acidentes anteriores ao de Robson – fatos escancaradamente noticiados pela imprensa, incluindo o “Jornal Nacional” (Rede Globo), em reportagens mostrando um garoto de Cascavel que se machucou com um pedaço de madeira no mesmo local onde Robson foi ferido.

CASO ROBSON
A pressa em reativar o Joaquinzão pode ser justificada pela necessidade de dar sequência aos jogos do  Guarapuava/Vivo Celluara/Mary Art Futsal. É compreensível, principalmente se se considerar que o time tem uma grande torcida, é uma equipe que representa muito bem as cores da cidade – mas não pode ser aceita porque o ginásio, mantido pela Prefeitura, passou a ser “cena de crime”, com uma morte, que precisa ser investigada a fundo não apenas com caráter punitivo, mas, sobretudo, educativo, para impedir que as mesmas e recorrentes falhas se repitam.
A Polícia e o Ministério Público agem com responsabilidade ao preservar a integridade do assoalho até que todas as investigações estejam efetivamente concluídas.
A delegada Maritza Haisse disse que o inquérito está sendo bem conduzido, o que significa dizer que todas as hipóteses estão sendo apuradas e as partes envolvidas, ouvidas. A manutenção do piso pode servir, por exemplo, para reparar dúvidas face a divergências de depoimentos. O laudo do Instituto de Criminalística, segundo a delegada, deve sair nos próximos dias.
Já a Prefeitura Municipal parece não estar tendo o mesmo cuidado com suas ações. Na terça-feira, a Secretaria de Esportes convocou a imprensa e a comunidade para o lançamento da nova camisa do Deportivo, em ao meio-dia no centro da cidade. Lembraram dos foguetes, mas esqueceram que as camisas ainda não estavam prontas e não puderam ser apresentadas.
A afobação em reformar o Joaquinzão e outras ações atabalhoadas geram sérias desconfianças, de que tudo isso está sendo feito para passar uma borracha em cima do “Caso Robson”.

Cristina Esteche

Jornalista

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