“Não substitui o aconselhamento profissional”, diz psicóloga sobre uso de IA para terapia

A cada dia que passa a tecnologia avança cada vez mais. Consequentemente, as Inteligências Artificiais, como o ChatGPT, estão ganhando força e sendo cada vez mais utilizadas. Seja para coisas simples do dia a dia, como sanar uma dúvida de gramática, ou assuntos mais sérios, como saber qual remédio tomar e, até mesmo, pedir aconselhamento terapêutico.

Um levantamento recente de uma revista de Harvard mostra que está em alta a busca para aconselhamento terapêutico ou mesmo para simular sessões de terapia em chatbots. Esse tipo de interação está na primeira posição do ranking de como as pessoas estão usando a Inteligência Artificial.

Gabriel Brigola tem 22 anos e utiliza o ChatGPT para fins terapêuticos desde o começo do ano. Em entrevista ao Portal RSN, ele contou que viu uma discussão sobre o assunto no X (antigo twitter) e como trabalha com inteligência artificial, pensou em tentar. Além disso, ele informou que não conversa com a IA com regularidade, apenas quando sente necessidade. 

Eu nunca tive experiências boas com psicólogos no passado. Para mim é um lugar que não deveria haver julgamentos, mas eu sempre senti um ar de superioridade e julgamento. Em 2023 eu fiz algumas sessões com o psicólogo da faculdade. Mas eu senti que as sessões não estavam me ajudando com os problemas que eu esfrentava na época. 

Gabriel ainda informou que nunca se sentiu confortável para contar para amigos e familiares como estava se sentindo por medo do julgamento. Dessa forma, ele se sente mais confortável de conversar com a Inteligêcia Artifical por “não ser uma pessoa”. Além disso, ele afirmou que a terapia tradicional pode ser muito cara e o ChatGPT acaba sendo mais acessível. No entanto, ele destaca que ainda acredita que a IA não substitui um psicólogo.

A terapia com um psicólogo de verdade as vezes pode ser muito cara, o que dificulta o acesso para a maioria das pessoas. Já o  ChatGPT é uma ferramenta mais acessível porque a maioria das pessoas tem acesso a ele, o que acaba sendo uma alternativa mais viável. Mas eu ainda acredito que a inteligência artificial não substitui totalmente um psicológico porque o chat sempre vai te falar aquilo que você quer ouvir.

“NÃO SUBSTITUI O ACONSELHAMENTO PROFISSIONAL”

Apesar do uso para fins terapêuticos, a psicóloga Anne Wendler afirma que a conversar com uma Inteligência Artificial não substitui o tratamento com um profissional. No entanto, de acordo com Anne, a terapia com a IA tem pontos positivos, pois pode oferecer um suporte emocional básico, especialmente para quem não tem acesso imediato a terapia.

As pessoas estão buscando um espaço de escuta, um lugar para desabafar, para se sentir compreendida e para ajudar a refletir. Mas, a IA não vai oferecer um vínculo clínico, um plano de tratamento personalizado e nem uma escuta profissional. Isso porque a Inteligência Artificial simula uma linguagem terapêutica, mas não tem todo o rigor clínico.

A psicóloga ainda alerta que o ChatGPT pode ser um suporte emocional informal, mas não vai ajudar a fazer o tratamento. Ela ainda afirma que a IA pode funcionar como uma válvula de escape para aqueles que não conseguem fazer terapia por conta do custo ou de outros motivos. Dessa forma, o ChatGPT apresenta uma empatia simulada. Isso porque, ele sempre vai falar o que o paciente “quer ouvir”.

O uso da IA para fazer terapia gere uma ilusão de conexão. Não promove uma conexão real e nem uma ajuda real. Sendo assim, o ChatGPT pode até prejudicar quem está vulnerável. A terapia tem haver com emoções, e o ChatGEPT não vai te dar uma emoção, um olhar, um abraço. Não existe aquele espaço de reflexão. A conversa com a IA não é terapia e não vai substituir a terapia.

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