Diferente de muitos que torcem pela explosão das explosões, opto por uma forma mais prosaica de ver o mundo e creio que podemos tirar proveito de tudo isto para um novo acordo que pode ser cumprido por todos nós.
Mesmo assim, fico perplexo com o silêncio do ex-presidente Lula e a impotência de Dilma que escancara o óbvio: o esgotamento deste governo em menos de 05 meses deste novo mandato. A oposição, querendo beneficiar-se, usa e abusa de uma tática oportunista e desperdiça a chance de pensar em uma nova agenda para o País. Assim, o mal-estar continuará e, ao que tudo indica, vai sangrar até o limite o combalido staff governista. A quem interessa ?
Sem entender as entrelinhas, a fila de antigos e novos descontentes só aumenta e a inteligência brasileira é incapaz de perceber e convencer as pessoas de que ‘movimentos não tem futuro sem lideranças fortes’. Sabe-se que a maior parte das economias e democracias mais avançadas contaram com movimentos e com a rua, mas também com siglas importantes e com lideranças fortes. Assim são as coisas. As demandas aumentam junto com os próprios revolucionários e estes tendem a conseguir algo importante, mas também perigosíssimo: desacreditar o status quo, desnudar sua impotência e induzir ao colapso. A pergunta que fica é: e depois?
Nunca é tarde lembrar que mais que tudo, precisamos de perspectiva política e econômica. Sou crítico daqueles que querem extirpar ou sangrar até o fim o Governo ou o Partido majoritário do Governo. Isto é pequenez e não corrige o País. Pensando em uma nova agenda e em um amanhã melhor, seria interessante que houvesse uma revisão moral e programática do PT, para uma restauração limpa, impedindo com isto sua morte e assegurando uma possibilidade para um amanhã diferente como um dos representantes de um projeto social-democrata para o país.
Daí a necessidade de uma nova agenda, não só política, mas também de Estado. Sinto falta de um projeto positivo de mudança sócio-política. A tática suicida mais assusta que propriamente contagia, pois sabe-se que em tudo tem méritos e deméritos.
Sempre é bom lembrar a metáfora da fogueira. As fogueiras esquentam e são necessárias, porém quando ficam quentes demais, desconectadas de um horizonte, irrompem-se sem advertência e sem controle e podem ser mais letais que uma simples explosão.
Uma fogueira pode arder e brilhar, mas também arder e explodir. E o que sobrará?
Espera-se com isso que o eleitor saia do papel de consumidor que escolhe o produto mais apetitoso e passe a ser mais cidadão, transformando-se em um ser mais ativo, permanentemente.
Torço para que caminhemos na direção do que o eleitor pode e quer, não o que o candidato promete e faz ou deixa de fazer.