22/08/2023

Não torço pelo pior

Diferente de muitos que torcem pela explosão das explosões, opto por uma forma mais prosaica de ver o mundo  e creio que podemos tirar proveito de tudo isto para um novo acordo que pode ser cumprido por todos nós.

Mesmo assim, fico perplexo com o silêncio do ex-presidente Lula e a impotência de Dilma que escancara o óbvio: o esgotamento deste governo em menos de 05 meses deste novo mandato. A oposição, querendo beneficiar-se, usa e abusa de uma tática oportunista e desperdiça a chance de  pensar em uma nova agenda para o País. Assim, o mal-estar continuará e, ao que tudo indica, vai  sangrar até o  limite o combalido staff governista. A quem interessa ?

Sem entender as entrelinhas,  a fila de antigos e novos descontentes só aumenta e a inteligência brasileira é incapaz de perceber e convencer as pessoas de  que ‘movimentos não tem futuro sem lideranças fortes’. Sabe-se que a maior parte das economias e democracias mais avançadas contaram com movimentos e com a rua, mas também  com siglas importantes e com lideranças fortes. Assim são as coisas. As demandas aumentam junto com os próprios revolucionários e estes tendem a conseguir algo importante, mas também perigosíssimo: desacreditar o status quo, desnudar sua impotência e induzir ao colapso. A pergunta que fica é: e depois?

 Nunca é tarde lembrar que mais que tudo, precisamos de perspectiva política e econômica.   Sou crítico daqueles que querem extirpar ou sangrar até o fim o Governo ou o Partido majoritário do Governo. Isto é pequenez e não corrige o País. Pensando em uma nova agenda e em um amanhã melhor, seria interessante que houvesse uma revisão moral e programática do PT, para uma restauração limpa, impedindo com isto sua morte e assegurando uma possibilidade para um amanhã diferente como um dos representantes de um projeto social-democrata para o país.

Daí a necessidade de uma nova agenda, não só política, mas também de Estado. Sinto falta de um projeto positivo de mudança sócio-política. A tática suicida mais assusta que propriamente contagia, pois sabe-se que em tudo tem méritos e deméritos.

Sempre é bom lembrar a metáfora da fogueira.  As fogueiras esquentam e são necessárias, porém quando ficam quentes demais, desconectadas de um horizonte, irrompem-se sem advertência e sem controle e podem ser mais letais que uma simples explosão. 

Uma fogueira pode arder e brilhar, mas também arder e explodir. E o que sobrará?

Espera-se com isso que o eleitor saia do papel de consumidor que escolhe o produto mais apetitoso e passe a ser mais cidadão, transformando-se em um ser  mais ativo, permanentemente.

Torço para que caminhemos na direção do que o eleitor pode e quer, não o que o candidato promete e faz ou deixa de fazer. 

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

Este post não possui termos na taxonomia personalizada.

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo