A proporção da população negra – classificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como ‘pretos e pardos’ – que cursa o ensino superior em instituições públicas brasileiras, chegou a 50,3% em 2018. Apesar desta parcela da população representar 55,8% dos brasileiros, é a primeira vez que os negros ultrapassam a metade das matrículas em universidades e faculdades públicas.
Assim, de acordo com a Agência Brasil, a pesquisa mostra que a população negra está melhorando seus índices educacionais. Os dados valem tanto para o acesso quanto para a permanência no ensino superior público, apesar de ainda se manter bem atrás dos índices medidos entre as pessoas brancas.
A proporção de jovens de 18 a 24 anos classificados pelo IBGE como pretos ou pardos no ensino superior passou de 50,5% em 2016 para 55,6% em 2018. Entre os brancos, a proporção é de 78,8%. Na mesma faixa etária, o número de negros com menos de 11 anos de estudo e que não estavam frequentando a escola caiu de 30,8% em 2016 para 28,8% em 2018. Já o indicador para a população branca é de 17,4%.
Outros percentuais
Os que já haviam concluído o ensino superior somavam 36,1% dos brancos e 18,3% dos negros. Já a taxa de ingresso no terceiro grau é de 53,2% entre os brancos e de 35,4% entre os negros. Na faixa de 18 a 24 anos que concluiu o ensino médio, mas que não estava estudando por trabalhar ou precisar procurar trabalho, 61,8% eram negros.
A taxa de analfabetismo para pessoas acima de 15 anos, entre os negros caiu de 9,8% em 2016 para 9,1% em 2018. Entre os brancos, a taxa é de 3,9%. Na frequência à creche ou escola, crianças negras de até 5 anos passaram de 49,1% para 53%.
Já 55,8% das crianças brancas estão nessa etapa da educação. Nos anos iniciais do ensino fundamental, para crianças de 6 a 10 anos, não há diferença significativa, com 96,5% das brancas e 95,8% das negras frequentando a escola.
Políticas públicas
A analista de indicadores sociais do IBGE Luanda Botelho disse que a melhora das estatísticas é reflexo de políticas públicas. Conforme a analista, as políticas proporcionaram o acesso e permanências da população negra na rede de ensino.
O estudo mostra para a gente que para todos os indicadores educacionais há uma trajetória de melhora desde 2016. Isso se reflete em menor atraso escolar, mais pessoas pretas ou pardas frequentando a escola na etapa de ensino adequada para a idade, menor abandono escolar, mais pessoas pretas ou pardas concluindo o ensino médio e ingressando no ensino superior.
Os rendimentos negros se mantêm abaixo do segmento de brancos. O rendimento médio mensal entre brancos é de R$ 2.796 e entre negros cai para R$ 1.608, uma diferença de 73,9%. Na comparação apenas entre quem tem curso superior, os bancos ganhavam por hora 45% a mais do que os negros.
Conforme o pesquisador do IBGE Claudio Crespo, a melhora nos indicadores dos negros é relevante. Mas como a desigualdade é histórica e estrutural, os ganhos para a população negra só aparecem com organização e mobilização social e políticas públicas direcionadas.
“Onde há avanços percebidos, apesar da distância que ainda reside, são espaços em que houve intervenção de políticas públicas. Além disso, houve também organização do movimento social para a conquista de uma sociedade mais igualitária. Como as cotas para acesso ao nível superior”.
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