22/08/2023
Educação

No Enem, aluno escreve receita de miojo e passa na redação

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Desde ontem, os critérios de correção das redações do Enem têm sido questionados após o jornal O Globo convidar estudantes a mandar os textos para o periódico com os devidos comprovantes de nota. No último caso revelado hoje, um rapaz resolveu inovar para tornar seu texto mais interessante: colocou uma receita de miojo em meio ao tema pedido, sobre imigração no Brasil no século XXI.

“Para não ficar muito cansativo, vou agora ensinar a fazer um belo miojo”, anuncia o rapaz no início do terceiro parágrafo (veja reprodução), descrevendo a partir daí a famosa receita de três minutos. Já no parágrafo seguinte, volta a tratar de como resolver a questão da imigração no país.

A brincadeira – ou qualquer outro nome que se queira dar ao episódio – resultou em uma nota de 560, de um total de mil. Não há nota de corte para a redação do Enem. Ontem, o jornal o Globo mostrou ainda que tirar nota máxima no Enem não é tarefa apenas para jovens prodígios da língua. Textos com “trousse”, “enchergar” e “rasoavel” obtiveram o selo máximo entre os corretores.

Subjetividade

Dada a grande subjetividade da tarefa, a correção das redações do Enem, aplicadas a milhões de estudantes, sempre foi motivo de embate entre alunos e o Ministério da Educação, levando a pasta a rever procedimentos inúmeras vezes.

São avaliadas pelos corretores do MEC cinco competências, com cada uma delas valendo 200 pontos. Cada texto é lido por dois revisores.

Na redação em questão, o rapaz tirou 120 na segunda competência, segundo O Globo. Isso significa, de acordo com os critérios do MEC, que o “participante desenvolve de forma adequada o tema, mas apresenta uma abordagem superficial”.

Em nota, o Ministério defendeu que o garoto "dissertou sobre o tema sugerido" em 20 das 24 linhas da redação. E que houve sim penalização nas competências 4 e 5, principalmente. O MEC afirma ainda que, embora "inoportuna e inadequada", a inserção da receita não teve a intenção de anular a redação, já que não foi ofensiva nem contra os direitos humanos.

O Inep, vinculado ao Ministério da Educação, tem em seu site os critérios de correção da redação.

 

Com Exame/Abril

Cristina Esteche

Jornalista

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