Eles se inspiram na própria realidade e a transformam em versos. Muito além do que um ritmo, um estilo, ou uma dança o hip-hop é reconhecido pelos adeptos com uma manifestação cultural. Para quem desenvolve projetos, uma saída preventiva contra as drogas e a marginalidade.
A arte que nasceu nos guetos de Nova Iorque na década de 70 e que se difundiu pelo mundo, chegando também em Guarapuava, “tem o poder de melhorar a vida de um jovem e dialoga muito com a educação, com o esporte, com a cultura, com o cotidiano e muda a vida de crianças e adolescentes”, como observa a secretária Municipal de Assistência Social Cristina Silvestri.
“Eu ficava na rua, me envolvia com coisas não boas e que não é nada legal ver amigos que ainda estão lá, mas que ele convida para vir para o projeto. Aqui fiz muitos amigos, inclusive os professores que nos ajudam muito”, diz o menino Gabriel de Lima, 11 anos, que há um ano frequenta o projeto no Bairro Xarquinho.
A cultura originalmente periférica se forma em quatro segmentos e atrai cada vez mais adeptos: o rap, sigla que traduzida para o português significa ritmo e poesia; os DJs; o breakdance; e o grafite.
O MC WS Tiziu, um dos coordenadores do projeto, diz que o trabalho tema intenção de transformar a vida dos jovens que vive em condição de vulnerabilidade social. “Mostramos que eles tem outras opções além da rua, das más companhias, das drogas e do álcool”.
Para Cristina Silvestri, se o hip-hop tem força suficiente para ultrapassar fronteiras, possui também potência para se transformar em oportunidades para crianças, adolescentes e jovens. “Percebemos a identificação desse público com as músicas, com as composições, com o grafite, com a dança e estamos investindo nesse caminho”, diz.
O interesse pelos estudos caminha lado a lado com a arte. “Batemos constantemente que o caminho é a educação que isso só pode ser obtido na escola. Também trabalhamos a valorização do ser humano sob a tese de que somos iguais e temos direito às mesmas oportunidades. Não é por que nascemos na periferia que são menos ou mais que ninguém. Temos que incutir neles [integrantes do projeto] a convicção de que aqui, na periferia, também temos formas construtivas, educativas e politizadas”, diz o MC.
Espaço comum entre meninos e meninas, Paola Romanio, 14 anos, é MC e diz que ocupou sem tempo ocioso com o projeto. “Ficava em casa sem fazer nada, agora tenho muita alegria em vir prá cá, me reunir com os amigos e aprender o máximo com estes professores fantásticos. Estou feliz e vou me aprimorar cada vez mais e quem sabe até começo a compor”, afirma.
A grafitagem, outra manifestação cultural que integra o hip-hop tem em Gabriel Souza (camiseta verde), 14 anos, um dos artistas. “Eu gosto de desenhar desde bem pequeno e vi no projeto a maneira que buscava para extravasar a arte minha. Ele diz que tem vontade de grafitar em muros. “Ainda faço capoeira e venho para o projeto às quintas e sextas feiras para aprimorar os meus traços”, diz. “Aqui busco conhecimento, sou aconselhado e tenho certeza que meu futuro será muito melhor com tudo que estou aprendendo”.