22/08/2023
Brasil Cotidiano

“No lugar do respeito, há o medo”, diz guarapuavana sobre homofobia

Jogador de vôlei perdeu emprego depois de publicar comentário homofóbico no Instagram. Caso ainda tem grande repercussão

mauricio-souza-jogando-volei-pelo-minas-tenis-clube

Jogador de vôlei perdeu emprego depois de publicar comentário homofóbico no Instagram. Caso ainda tem grande repercussão (Foto: Reprodução/Lance)

O caso do jogador de vôlei Maurício Souza de 33 anos, que fez um comentário homofóbico no Instagram sobre a bissexualidade do atual Superman, ainda repercute Brasil afora. O caso começou em 12 de outubro, quando Maurício Souza publicou um print da notícia “Superman atual, filho de Clark Kent, assume ser bissexual”.

Conforme a imagem havia um beijo gay do super-herói nos quadrinhos. Na legenda, o jogador de vôlei escreveu: “É só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”. E em Guarapuava, a atitude do jogador também ganhou eco. De acordo com Fabi Vieira de 30 anos, LGBTQIA+ de Guarapuava, na visão de mundo dela existe um abismo entre respeitar os seres humanos e se curvar para as exigências e vontades.

A banalização e o uso indevido de comentários com o único fim de restringir a ação do próximo é uma falta grave. O caminho está sendo inverso: no lugar do respeito, há o medo.

Para ela, comentários assim mostram como as pessoas se defendem dizendo que é uma opinião. Segundo Fabi, Maurício acabou de anular o bloqueio do ouro em 2016, pois a atitude mostrou a personalidade. “Precisou comentar algo ruim para ser lembrado na sociedade. Triste!”. Wesley Muhlen de 27 anos também de Guarapuava, comenta que o interessante é que ocorre como em 2018, começa um debate sobre conservadorismo, nas proximidades das eleições.

Ele vai tentar trazer o debate para o campo da moral e dos costumes, não caiam nessa de novo. Portanto, meu sentimento é de impotência, sabendo que nada vai acontecer com ele criminalmente. E que logo estará eleito como deputado em algum partido, ganhando dinheiro do povo, votando contra direitos humanos.

REPERCUSSÃO E CONSEQUÊNCIAS

Desse modo, Maurício Souza acabou dispensado do Minas Tênis Clube, equipe que disputa a Superliga brasileira do esporte. A rescisão ocorreu duas semanas após a publicação. A repercussão desencadeou pressão dos patrocinadores da equipe para que Souza se retratasse. Mas Souza saiu em defesa do time, atribuindo a rescisão do contrato à “turma da lacração”.

Contudo, o pedido de desculpas não foi o suficiente para ele seguir no clube. Em 25 de outubro, 13 dias após o post, o Minas disse em nota oficial que “todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais”.

Além disso, o jogador postou na mesma rede social que não fazia mais parte do elenco do Minas Tênis Clube. A informação teve confirmação pelas redes sociais oficiais do clube, sem mais detalhes sobre a rescisão. Por fim, o treinador da seleção brasileira, Renan Dal Zotto, afirmou que também não pretende mais convocar o central.

Leia outras notícias no Portal RSN.

Antunes

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.