22/08/2023
Agronegócio

Nova classificação comercial do trigo é tema central da reunião de pesquisa

A partir de julho de 2012, começa a vigorar a nova classificação comercial do trigo brasileiro. Para se adequar à regulamentação, as empresas obtentoras, responsáveis pelo desenvolvimento genético do trigo, precisam reclassificar todas as cultivares que estão no mercado em parâmetros que definem os trigos em melhorador, pão, doméstico, básico ou outros usos. A maioria dos trabalhos científicos inscritos na V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (V RCBPTT) apresentarão avaliações de qualidade tecnológica das cultivares. O evento acontece de 25 a 28 de julho, na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados/MS.

O consumo anual de trigo no Brasil é de 10 milhões de toneladas, dos quais 60% têm como destino a indústria de panificação, o que exige trigo da classe pão, com força de glúten (W) superior a 220, requisito mínimo para a fabricação do pãozinho francês, com casquinha crocante e bom volume. Este é o principal motivo que levou a mudança na classificação técnica do trigo, onde o valor mínimo da força de glúten para o enquadramento como trigo pão passa de 180 para 220. A indicação do trigo brando deixa de existir com a inclusão do trigo de uso doméstico (W=160), básico (W=100) e outros usos para qualquer valor abaixo de 100.

De acordo com o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto, a primeira ação dos obtentores é a reclassificação de todas as cultivares a partir de parâmetros definidos pelas instituições de pesquisa ainda no mês de maio. Na Embrapa Trigo a nova reclassificação prevê que num volume de amostras, 60% precisam apresentar força de glúten acima de 220 para classificar como trigo pão. “É uma maior segurança para o produtor, já que o valor varia muito em função das condições climáticas de cada região e de cada nova safra”, afirma Sergio Dotto.

A característica genética da cultivar de trigo determina sua aptidão tecnológica para indicação de uso final, seja doméstico ou industrial. “Para assegurar maior liquidez ao trigo, a tendência do produtor é optar somente por cultivares tipo pão. Hoje são mais de 100 cultivares de trigo disponíveis no mercado, oferta que certamente será menor para atender a demanda por qualidade”, afirma Sergio Dotto.

O Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste e presidente da comissão organizadora do V RCBPTT, Claudio Lazzarotto, explica que a qualidade de panificação e a estabilidade das cultivares de trigo recomendadas têm sido alguns dos gargalos para a comercialização do trigo produzido no Brasil, principalmente em Mato Grosso do Sul. “Os novos parâmetros referenciais de qualidade darão ao produtor rural maiores garantias de produção de trigo de boa qualidade, preço e liquidez. Para a indústria moageira, a nova classificação técnica para o trigo brasileiro dará a tranquilidade de compra de grãos que atendam suas necessidades”, disse ele. Lazzarotto enfatizou, ainda, que a qualidade do trigo deverá ser um dos pontos fortes de debates durante a reunião da próxima semana, como resposta da pesquisa às necessidades da sociedade.

Cristina Esteche

Jornalista

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