Nova edição resgata o “Catatau” de Leminski

Por Cristiano Martinez

Na última quarta-feira (24), o poeta Paulo Leminski teria completado, caso ainda fosse vivo, 67 anos de idade. Escritor polivalente, com produção em várias frentes, Leminski alcançou grande popularidade graças a sua obra poética, feita em grande parte a partir da forma japonesa do hai kai (poemas com três versos).

Mas, para pesquisadores e críticos literários, da envergadura de um Haroldo de Campos, o grande livro do poeta curitibano é “Catatau” (1975), uma espécie de “romance-ideia”, conforme as palavras do próprio Leminski. A produção da obra consumiu dez anos da vida dele e se tornou um dos maiores enigmas da moderna literatura brasileira.

Fora de catálogo há um bom tempo, a editora Iluminuras fez um bem danado à cultura nacional ao lançar uma nova edição do “Catatau” em 2010. A editora manteve a imagem de capa da primeira edição: “Cenas de luta na sala de uma tumba em Beni Hasan” (Egito, c. 2000 a.C., anônimo).

No enredo, Renatus Castesius, espécie de protótipo do filósofo francês Reneé Descartes (1596-1650), aporta no Nordeste do Brasil. Diante da realidade local, seu sistema racional de pensamento entra em parafuso. Resta-lhe aguardar a chegada de outro personagem, que pode salvar seu dia.

Com quase nenhuma ação, o livro é todo estruturado a partir da subjetividade do personagem, tornando-se um desafio de leitura. Para complicar, a narrativa ainda conta com o primeiro personagem semiótico da história da literatura brasileira, Occam.

Após 36 anos de seu lançamento, é uma obra que continua a incomodar a inteligência brasileira e se configurar num enigma para os leitores.

NOVA ESTAMPA
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SERVIÇO
Título: “Catatau” (Ed. Iluminuras), 253 p.
Autor: Paulo Leminski
Preço: R$ 44,00 (sem o frete)
Onde adquirir: www.saraiva.com.br

Imagem: www.saraiva.com.br