O Paraná está implantando uma tecnologia para monitorar, em tempo real, a movimentação de agressores e vítimas de violência doméstica. O sistema, que cruza dados de geolocalização entre tornozeleiras eletrônicas e celulares entregues às vítimas, pretende prevenir feminicídios e alertar a polícia imediatamente em caso de descumprimento de medidas protetivas.
Com investimento de R$ 4,8 milhões, a tecnologia inédita no Brasil começa a operar em Curitiba ainda neste semestre. No primeiro ano, a meta é expandir para Foz do Iguaçu e, depois, para todo o Estado. O sistema cria duas zonas de proteção: ao se aproximar da vítima, o agressor recebe alertas, e a polícia é acionada em caso de risco iminente. Até sem internet o sistema pode funcionar, via Bluetooth.
CASO ANAIZIS EXPÕE URGÊNCIA DO MONITORAMENTO SIMULTÂNEO
Se essa tecnologia já estivesse disponível em 2023, possivelmente Anaizis Mazurok, moradora de Turvo, não teria levado golpes de facão por parte do ex-companheiro. O agressor, Adriano Fonseca Manoel, descumpriu repetidas vezes a medida protetiva, mesmo usando tornozeleira eletrônica. Anaizis sobreviveu, mas sofreu ao menos cinco golpes que quase a mataram.
Adriano já tinha um histórico de agressões motivadas por ciúmes. Na última terça (1º), o Conselho de Sentença condenou Adriano a 23,6 anos de prisão por tentativa de feminicídio. Com a tecnologia em uso, o sistema teria alertado Anaizis sobre a aproximação do agressor, a polícia poderia ter chegado antes do ataque ou Anaizis se afastado do local.
FEMINICÍDIOS AINDA DESAFIAM POLÍTICAS PÚBLICAS
Conforme um estudo publicado no início deste ano, o Paraná registrou 60 feminicídios de janeiro a setembro de 2024. A maioria de mulheres entre 15 e 29 anos. Em 2022, houve 3.806 assassinatos de mulheres no Brasil, sendo 34,5% dessas vítimas mortas dentro de casa, de acordo com dados do Atlas da Violência 2024.
Embora o Paraná tenha registrado queda de 18,7% nas mortes de mulheres nos últimos 10 anos, os números seguem alarmantes.
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