A filha caçula de uma costureira que ficou viúva muito cedo, se transformou em advogada, vice-prefeita de Curitiba entre 2013 e 2016, período em que também foi secretária do Trabalho e do Emprego. Voltou a advogar na área do Direito do Trabalho atendendo sindicatos e pelo Instituto Declatra [nome que abrevia a Defesa da Classe Trabalhadora], os trabalhadores – “nunca os patronais”, faz questão de enfatizar.
Mas a política partidária a colocou no trecho novamente e Mirian Gonçalves, 57 anos, encara o desafio da candidatura ao Senado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Uma tarefa fácil? “Difícil, mas desafiadora”, diz ao Portal RSN neste sábado (8), pouco antes de uma caminhada realizada pelo Partido em Guarapuava.
Mirian diz que se vê candidata novamente num “momento muito triste”, mas que a move sob dois aspectos. “É preciso sair em defesa de inocentes. Estão preocupados em condenar os que acham culpado e esquecem de defender quem é inocente. Isso é triste também porque o melhor presidente que o país já teve está preso e mesmo assim está com 42% das intenções de votos”. De acordo com a candidata, de outro lado, o cenário é desafiador. “Sou fundadora do PT, da CUT [Central Única dos Trabalhadores] e, de repente, você vê o país que ajudou a construir, se desmantelando. Então você não pode ficar quieta, porque pra mim, seria muito mais difícil ficar em casa”.
Segundo Mirian, por ser pouco conhecida no interior no Paraná e a campanha ter menos prazo, os candidatos mais conhecidos acabam sendo beneficiados. “Mas o desafio também é esse”.
APOSTANDO NAS MULHERES
Apostando no voto feminino contra o discurso da violência, Mirian Gonçalves disse que há uma maior consciência por parte desse público, principalmente, no sentido de que tem que haver respeito. “Temos que ser respeitadas, mas precisamos ter o poder nas mãos, precisamos do parlamento. Não somos melhores e nem piores do que os homens. Temos um olhar diferenciado, mais humanizado”.
A defesa do voto feminino se pauta, principalmente, pelos crimes, feminicídios que acontecem diariamente. “O que aconteceu aqui em Guarapuava [Caso Manvailer] deu um grande choque nas mulheres. As imagens causaram um grande impacto. O Paraná tem os mais altos índices de violência contra a mulher e acredito que isso reflita na eleição”.
NO SENADO
Temas pontuais como a renegociação da reforma trabalhista, a defesa da soberania do Brasil contra a possível venda da Itaipu, o Aqüífero Guarani, a Eletrobas, e a defesa da mulher serão as bandeiras levantadas por Mirian, caso seja eleita senadora pelo Paraná. Ela disputa a segunda vaga, numa dobradinha com o senador Roberto Requião (MDB).
Mirian também defende os bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil. “Banco público não é para dar lucro, mas é um instrumento para financiar políticas públicas. São bens da população”.