22/08/2023

O brilho desbotou

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Quando vi que o PT pretende gastar R$ 1,5 milhão na campanha eleitoral neste ano em Guarapuava não pude evitar de "viajar" no passado. Lembro perfeitamente, e não tem como esquecer, quando eu e meus irmãos: Fernando, Paulo, Mariângela e outras pessoas, trabalhamos para fundar o PT em Guarapuava, lá no início do partido no Brasil. Andávamos a pé, noite afora, usando guarda-chuva para escapar do mau tempo, em busca de filiados. Não foi fácil convencer as pessoas que surgia um novo partido político no País e que representaria a classe trabalhadora. Mas o objetivo teve êxito.

Não posso esquecer também a primeira campanha eleitoral para a Prefeitura e para a Câmara de Vereadores em Guarapuava. O primeiro candidato a prefeito foi o operário Leonel Valginhak, um pedreiro. Lembro muito bem de uma noite chuvosa em que eu e o Paulo fomos fazer foto de um candidato vereador, o “seo” Bertulino. Ele morava numa casinha humilde que não possuia energia elétrica. Não pensamos duas vezes: acendemos várias velas para iluminar o ambiente e possibilitar a foto, mas não sabíamos que ele havia tido uma crise recente e que a saúde estava fragilizada. Quando uma das filhas, que morava no mesmo terreno, viu as velas acesas foi até a casa assustada, pois pensou que alguma coisa tinha acontecido com o pai.

Me vem à mente também imagens de quando tínhamos que empurrar o caminhão que servia de palanque eleitoral para o bancário Carlos Norberto Marcondes, candidato a prefeito. As lembranças dos “velhos tempos” são tantas que reabrem a ferida da saudade. Tínhamos orgulho em ir votar vestindo camiseta que estampava no coração a estrela símbolo do PT. Nos embriagávamos da política pura, ideológica nas campanhas de Lula para presidente e deixávamos as lágrimas rolarem pelo rosto suado debaixo do sol escaldante quando ouvíamos e cantávamos Lula-lá…… brilha uma estrela…. Lula-lá….. Mas o tempo passou e muitas coisas mudaram, nós também mudamos e não quero entrar no mérito dessa questão pessoal. Pessoas saíram, outras chegaram e nem sequer imaginam como foi lindo iniciar e fazer parte dessa história. Outras pessoas continuam chegando, assim como o Maluf em São Paulo, os Mattos Leão em Guarapuava e tantos outros pelo Brasil afora. É! O brilho da estrela já não é mais o mesmo. Está desbotando.

Cristina Esteche

Jornalista

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