22/08/2023

O exemplo do dr. Frederico Virmond

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O dr. Frederico Virmond construiu um pequeno hospital em Guarani das Missões, região missioneira do Rio Grande Sul, colonizada por poloneses, lá se casou com Irene Warpechowski, e quando o casal se instalou definitivamente em Guarapuava, sua terra natal, deu continuidade a um grande sonho: construir o Hospital Santa Tereza. O primeiro prédio era uma construção moderna para os padrões da época e serviu ao propósito, de ser uma unidade hospitalar de vanguarda, durante muitos anos.

Doutor com doutorado (talvez o primeiro de Guarapuava), filho de família que participou da colonização dos campos guarapuavanos, Frederico Virmond viu a possibilidade de concretizar outra meta: transformar o Santa Tereza num hospital referência em ciência médica, e foi assim que ele decidiu construir um prédio maior, com vários andares, dotado de centro de pesquisa e auditório para conferências na área médico-hospitalar.

O destino fez com que dr. Frederico se afastasse da administração dos negócios e até parasse com o exercício da medicina. A semente, o hospital, ficou ali, germinando em meio a planos econômicos, acertos e desacertos administrativos, comuns a quaisquer empreendimentos familiares. Desse germe, brotaram vários médicos entre os familiares e muitos outros profissionais da saúde passaram a fazer parte dessa árvore frondosa.

Faz uns 20 anos que conversei sobre o Santa Tereza com dr. Frederico. Ele tinha acabado de chegar de uma viagem a Curitiba, tinha ido “vender” o hospital, tentativa de salvar o que restava, num país com a saúde em frangalhos, sem política para saúde pública, que dirá para a medicina privada. O médico voltava com uma resposta, na verdade uma dúvida: quem quer comprar um hospital em dificuldades?

Muitos, na mesma situação, abandonaram seus projetos no meio do caminho, prédios viraram carcaças, retrato acabado da saúde nacional. A família de dr. Frederico Virmond seguiu, com as forças que lhe restava. Estava ali, naquele prédio, o resultado de anos de trabalho, de fazendas que foram vendidas, de empréstimos feitos entre os devaneios do sistema bancário, de programas econômicos mal-sucedidos, da teimosia diante do impossível.

Aos 93 anos, uma linda história de vida, dr. Frederico continua sua trajetória. Milhares de vidas salvas, exemplo de persistência, de altruísmo.

Hoje, o Hospital Santa Tereza grita por socorro. Dr. Frederico foi o primeiro a estender sua mão, anos atrás. 

Cristina Esteche

Jornalista

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