domingo, 20 de jul. de 2025
Blog da Cris Guarapuava

O frio chega, os turistas ainda não!

Guarapuava, a cidade que tem tudo e ainda não sabe o que fazer com isso. Por que o turismo não decola em uma cidade com tanto potencial?

Fim de tarde gelado (Foto: Orlando Silva)

O frio me instiga e mais uma vez que pego escrevendo sobre a potencialidade turística de Guarapuava. E novamente percebo que aqui tem tudo. Clima, cultura, paisagens, história, gastronomia e um inverno digno de roteiro europeu.

É capital nacional da cevada e do malte, abriga uma das maiores maltarias da América do Sul, tem cervejarias artesanais premiadas e promove, por iniciativa empresarial, o Festival de Cervejas de Inverno, que atrai cada vez mais visitantes.

Tem Serra do Jordão praticamente dentro da área urbana. Tem Entre Rios com cultura suábia viva e ativa. Possui natureza exuberante, cachoeiras, cânions, trilhas, igrejas centenárias, turismo rural. Mas mesmo assim, o turismo não decola.

O QUE FALTA? POLÍTICA PÚBLICA DE VERDADE

Guarapuava vive há anos de ‘projetos’, promessas, planos. Ou melhor, da ilusão de que participar de feiras e montar estandes com banners e folders coloridos basta. E não, não basta. Quantas vezes já ouvi que nessas feiras poucos sabem onde fica Guarapuava. Que dirá os atrativos que possui. E olha que há anos se participa desses eventos, nacionais e até internacionais.

Mas o que está errado? Como jornalista, publicitária e guarapuavana que gosta de viajar, posso dizer que turismo se faz com estratégia, foco, investimento contínuo e, acima de tudo, com ação concreta.

Não se trata de vender Guarapuava como ‘cidade do frio’ ou ‘cidade das paisagens’, mas de estruturar uma identidade turística clara, que dialogue com agências de viagens, com operadores, com plataformas digitais. E que, sobretudo, seja sentida no chão da cidade.

Guarapuava tem todas as condições para ‘rivalizar’ com Gramado ou Canela no turismo de inverno e gastronomia. Tem frio de verdade, pousadas charmosas, restaurantes que começam a despontar, cervejarias com rótulos respeitados nacionalmente. O Fecin é uma excelente iniciativa, mas isolada e mesmo assim cresce a cada ano. Prova de que Guarapuava tem público. Mas não há um plano integrado para transformar o frio em negócio, em economia criativa, em destino cobiçado por turistas do Brasil e de fora.

GUARAPUAVA TEM PRESSA

É preciso ter pressa, pois já se perdeu muito tempo. Está na hora de parar de buscar reconhecimento externo antes de arrumar a casa. Não adianta estar em todas as feiras de turismo do Brasil se quem chega aqui não encontra estrutura, informação, roteiros organizados, pessoal capacitado e infraestrutura mínima. A cidade precisa assumir a vocação que possui. Definir um plano de médio e longo prazo, fomentar a qualificação de profissionais, desenvolver circuitos integrados e fortalecer parcerias com operadoras e plataformas de turismo.

Ou seja: Guarapuava precisa de menos discurso e mais entrega. O potencial está aí, aos olhos de todos. Mas sem foco, sem política pública séria e sem articulação de verdade, continuaremos sendo a cidade que “poderia ter sido”. E isso já cansou.

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Cristina Esteche

Jornalista

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