Conversando com colegas e amigos durante essa segunda feira (17) discutíamos sobre a possibilidade de Curitiba deixar de ser a sede da Copa do Mundo e de quem sofreria mais com a cidade tendo seu nome riscado do mapa do Mundial.
Enquanto alguns afirmavam que o maior prejudicado seria o Atlético-PR, que sem a Copa possivelmente ficaria também sem estádio e ainda poderia pagar uma multa astronômica à FIFA, outros concordavam em dizer que as conseqüências seriam devastadoras para as pretensões políticas de Beto Richa, Gustavo Fruet e até mesmo para a presidenta Dilma.
Porém, a terça-feira chegou (18) e o cenário devastador não se cumpriu. Jerôme Valcke trouxe alivio geral a nação ao anunciar a permanência da capital do estado na Copa.
Mas quem foi o herói da pátria, que permitiu que Curitiba permanecesse entre as cidades sede?
Claramente a preocupação maior da FIFA era com a garantia financeira para que as obras da Arena sejam finalizadas. Tanto que antes mesmo da vistoria técnica ao estádio, já havia a notícia de que a cidade estava confirmada no mundial.
O momento decisivo da salvação de Curitiba não aconteceu dentro de um canteiro de obras e sim em uma sala de reunião com a presença de representantes do governo estadual, municipal, do Atlético Paranaense e da FIFA.
Nesta reunião, Fruet reafirmou o apoio da prefeitura para o que for necessário e o governo estadual trouxe a garantia que todos esperavam. R$ 38 milhões liberados pela Fomento Paraná, instituição financeira controlada pelo governo do estado, como empréstimo para a CAP/SA terminar as obras.
Sendo assim, em teoria, o herói curitibano teria nome e sobrenome e atenderia por Beto Richa. Contundo, contrariando o ditado, dessa vez entre mortos e feridos ninguém se salvou.
Isso porque a possibilidade da cidade ficar fora da Copa e o puxão de orelha público da FIFA foram suficientes para deixar todos os envolvidos com a bola murcha. Pior para Richa, que em plena corrida eleitoral levou mais um duro golpe.
Do outro lado da batalha entre PT e PSDB, Gleisi não chegou nem a adentrar na discussão sobre os rumos do Paraná na Copa e deixou que Fruet assumisse a frente e resolvesse todo o pepino. Ao prefeito, que pouco fez na hora decisiva, sobraram ainda alguns arranhões que tentará curar até o fim do mandato.
Mas se toda a novela tem um herói e um vilão, o papel de mocinho da trama “As idas e vindas do caso de amor entre Curitiba e a Copa” ficou com um personagem no mínimo inusitado, Jerôme Valcke, o próprio carrasco que ameaçou tirar o posto da cidade como subsede da competição.
Durante as entrevistas no Congresso Técnico da Copa, representantes do COL (Comitê Organizador Local), do governo do estado, da prefeitura e do Atlético se derreteram e agradeceram a forma quase paternal com que Valcke os alertou sobre o problema do estádio.
"Agradeço a Fifa pelo alerta que nos deu", disse Reginaldo Cordeiro, secretário extraordinário de Copa do município.
“O Jérôme bateu forte no início para nos mostrar o caminho. Ele estava certo" comentou Mario Celso Cunha, secretário do governo do Paraná para Assuntos da Copa do Mundo.
“Agradeço a condução [do processo] com a mão forte do nosso secretário-executivo da Fifa, Jérôme Valcke", afirmou o presidente atleticano, Mario Celso Petraglia.
Com heróis ou sem heróis a pergunta que não cala é: Esta história terá um final feliz?