22/08/2023
Saúde

“O Hospital São Vicente não vai fechar”, diz provedor

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Uma dívida estimada em R$ 4 milhões, caldeira ainda movida à lenha, buraco de esgoto a céu aberto, lavanderia funcionando em condições inadequadas, lixo hospitalar que se acumula numa parte do pátio. Esta é a situação que envolve o mais tradicional hospital de Guarapuava, o São Vicente de Paulo. Apesar desse cenário, o único hospital filantrópico da cidade mantém a qualidade do atendimento médico-hospitalar e detém índices de infecção hospitalar menor do que os números de outras instituições que são referências no Paraná no atendimento de emergência pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Isso é um mérito da equipe de servidores do São Vicente”, reconhece o novo provedor Antonio Cezar Ribas Pacheco.
A situação do hospital foi exposto nesta quinta-feira (30) durante a visita da Comissão de Saúde da Câmara, composta pelos vereadores Maria José Mandu Ribas (presidente), Antenor Gomes de Lima (relator) e Sadi Federle (membro). De acordo com a comissão, a visita foi provocada pelo pronunciamento do vereador Gilson Amaral na sessão de segunda-feira (28) de que um dos hospitais da cidade iria fechar. “Fomos até o Santa Tereza e constatamos que aquele hospital não vai encerrar as suas atividades. Então viemos aqui para ver o que podemos fazer”, disse Antenor Gomes de Lima (PT).
“Não há nenhuma hipótese do São Vicente fechar. Isso não vai acontecer e nem temos poder para isso. O Hospital é gerido pela sociedade”, reagiu Pacheco. Há 16 dias na Provedoria o advogado e empresário confirmou a existência de um passivo de R$ 4 milhões. “Ainda estamos em fase de levantamento e esse número pode mudar como já aconteceu”, observa Pacheco. No primeiro dia da nova provedoria foi divulgado que a dívida herdada seria de R$ 3 milhões. O provedor confirmou também um déficit mensal de cerca de R$ 250 mil.
Paralelamente ao setor financeiro, os novos provedores tem que administrar as demandas emergenciais do Hospital. “Precisamos substituir a caldeira que hoje ainda é movida à lenha e que causa sujeira. O lixo hospitalar é uma questão sanitária. O esgoto aberto em volta da maternidade, a necessidade de equipamentos urgentes como a substituição do arco cirúrgico que é inadequado, a falta de profissionais qualificados, a readequação urgente no setor de recepção. Em cada área existe uma necessidade”, resume Pacheco.
Apesar dessa situação caótica descrita pelos provedores e presenciada pela imprensa e pelos vereadores, a “saúde” do Hospital São Vicente pode ser reabilitada. A receita prescrita pelo provedor é simples. “Há uma possibilidade muito firme de sanar essa situação desde que haja o apoio da sociedade, do Poder Público, das lideranças. Não existe mágica. Precisamos desse envolvimento para então traçarmos um plano de ação”, afirma.
Uma dessas discussões e que é considerada fundamental para a reabilitação não só do Hospital como de todo o sistema de saúde pública de Guarapuava e da região, é definir um novo formato para o São Vicente. “Queremos ser um hospital que apenas atenderá pacientes do SUS? Ou vamos atender apenas urgência/emergência? Precisamos definir também responsabilidades reunindo gestores municipais da saúde, 5° Regional de Saúde, hospitais e formatar esse novo modelo de encaminhamento de paciente. Só assim vamos garantir o direito do paciente, incluindo aí a qualidade do atendimento”, defende Pacheco.

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Cristina Esteche

Jornalista

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