Era o ano de 1988, centenário da Abolição, quando o Mestre José Guanabara chegou em Guarapuava. Na bagagem, o berimbau e a chama para acender a roda de capoeira na cidade. A primeira academia foi numa salinha, que mais parecia uma garagem, ao lado da agência do INSS. Desafios, obstáculos e tanta outras ‘pedreiras’ marcaram o início. Mas o bom de tudo, é que a ginga, a garra, a malícia da capoeira se juntaram e a esquiva derrubou todos os problemas.
Um dia, o Mestre foi embora. Voltou para a cidade natal, Londrina. Outros foram surgindo ao longo do tempo e 35 anos se passaram, até que o Mestre Guanabara retorna à cidade que um dia escolheu para deixar um legado. Nesse último fim de semana, um encontro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), trouxe a Guarapuava, os maiores nomes da capoeira paranaense. Mestres e contramestres que compõem o grupo ‘Salvaguarda da Capoeira’ estiveram aqui durante três dias.
FALTOU DIVULGAÇÃO
O que lamento é a falta de divulgação sobre o Encontro, que nem mesmo capoeiristas da cidade ficaram sabendo. Ficou restrito a cerca de 20 alunos. Uma oportunidade ímpar que foi perdida, pois se tratou de um encontro com potencial para ‘sacudir’ a cidade. Uma pena também que a entrega de um troféu ao Mestre Guanabara tenha ficado restrita aos mestres, quando aqui deixou um grande número de alunos, que sequer ficaram sabendo da vinda dele à cidade.
O trabalho por ele desenvolvido merece um reconhecimento maior. Mestre Guanabara vem contribuindo, mesmo à distância, com pesquisas científicas feitas por acadêmicos de educação física dos cursos de Guarapuava. É a memória da brasilidade preta que pulsa numa terra outrora habitada por indígenas e que teve a contribuição do negro na construção do desenvolvimento e da cultura da cidade.
Mas como o guarapuavano diz, o Mestre tomou ‘água da serra’. E quem bebe dessa água sempre acaba voltando. Ainda está em tempo!
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