22/08/2023
Brasil

O mundo está complicado!

O mundo está muito complicado. O Brasil ainda mais. A corrupção, tão combatida há poucas semanas, é a nova dona do poder, embora desta vez, calada. Quem saiu às ruas pedindo a “cabeça” da presidente Dilma, justamente pela tão propalada corrupção, já não grita mais, embora investigados pela Lava Jato componham o primeiro escalão.

A violência, em todos os setores, mancha de sangue asfaltos e lares, dilacera famílias, mutila mulheres numa espécie de traição ao gênero. Afinal, a violência é feminina. Enquanto isso, os algozes, os homens, se unem em busca de álibis perfeitos, numa cumplicidade estarrecedora, como está sendo o caso da adolescente estuprada recentemente, no Rio de Janeiro. Há justificativas para todos os gostos e interpretações que tentam imputar à jovem o rótulo de vadia, como se isso amenizasse os efeitos da fome voraz, próprio dos instintos animalescos.

Mas a violência, a corrupção, não se materializam apenas sob essas formas. Elas estão presentes, mais do que nunca, no nosso dia a dia, e se abrem em várias vertentes. Cada um se acha no direito de ameaçar, de exigir, de julgar. Como já escrevi aqui anteriormente, nas redes sociais cada um julga, condena, muitas vezes, sob as mais sórdidas observações.

Não sei o que está acontecendo com as pessoas, mas chega a dar medo. Cada vez que leio comentários postados em matérias da RedeSul de Notícias no Facebook, me deparo com opiniões que chocam, pela discriminação, pelo preconceito social, pela falta de conhecimento, pela ausência de discernimento.

No cotidiano da nossa profissão não é diferente. As pessoas querem a sangria. Elas mandam, gritam ao telefone, xingam, pressionam, ameaçam – afinal, entrar com ação judicial hoje virou moda. Será que está havendo inversão de conceitos, de princípios? O homem, no sentido de humanidade, está cada vez mais perdido, esta é a verdade, e volto a concordar com Thomas Hobbes, o filósofo alemão, na sua teoria de que “o homem é o lobo do próprio homem”, reeditando uma frase do notável escritor latino Plauto. Embora polêmica, a frase vale mais do que nunca para a atualidade. Se no estado natural, em épocas remotas, todos lutavam contra todos, imperando a lei do mais forte, “escravizando” os mais fracos, agora, com o Estado constituído para regularizar direitos e ditar regras para o convívio em sociedade, por que a federação não consegue impor a paz duradoura? Por que os mais fortes continuam se sobrepondo aos mais fracos, principalmente, quando a disputa é o poder, o dinheiro? E aí a corrupção, a violência, surgem mais ávidas, mais imponentes, mais cheias de si, gerando e criando a lei do mais esperto. Será que é possível fazer uma inversão de tudo isso?

Bem, mas são fatos com os quais convivemos diariamente – eu, você, todos nós –  saindo às ruas, calando, gritando, exigindo, xingando, ameaçando, conversando, conciliando, levando até que tudo fuja ao controle ou seja controlado. Mas são situações como essas que produzem aprendizados, que nos fazem sobreviventes da esperança de um novo tempo, mais ético, menos cético, portanto, mais espiritualista.

Cristina Esteche

Jornalista

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