Entre os muitos casos de violência doméstica relatados diariamente pela Polícia Militar de Guarapuava, um deles chama atenção. O motivo é simples e objetivo, a situação teve um “rosto”. A morte de Camila, em 18 de setembro do ano passado, se materializou quando vimos que as vítimas da violência também são também as famílias, aquelas que são obrigadas a continuar as vidas sem um pedaço muito importante.
A jovem Camila tinha apenas 22 anos e foi morta e abandonada às margens de uma rodovia nas redondezas de Guarapuava, pelo homem que ela amava. Passados nove meses do crime, talvez o “rosto de Camila” já tenha caído no esquecimento. Mas é preciso relembrar casos tristes como esse, para que outras mulheres não sejam vítimas dos companheiros, e fiquem sem “rosto”. Além disso, já se foi a época em que em briga de marido e mulher não se bota a colher. A omissão de quem sabe, vê ou ouve casos de violência contra mulheres e nada faz, o torna cúmplice do criminoso.
MOBILIZAÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA
O aumento de casos de violência doméstica tem pautado muitas discussões em toda a sociedade. O Senado aprovou, em 8 de julho, o substitutivo ao Projeto de Lei (PL) 2.510/2020, que obriga moradores e síndicos de condomínios a informarem casos de violência doméstica às autoridades competentes.
No Paraná, o Governo aderiu à Campanha Nacional do Sinal Vermelho para o enfrentamento da violência doméstica. Desse modo, com um “X” em vermelho na palma da mão, feito com caneta ou até mesmo um batom, a mulher que sofre violência pode alertar os atendentes das redes de farmácias participantes da campanha de que é uma vítima e precisa de ajuda. Desse modo, eles devem ligar imediatamente para o 190.
ALÔ VIZINHA
Ao completar 100 dias desde o enfrentamento da pandemia de covid-19 em Guarapuava, uma luz de alerta acendeu. Depois de vários registros de denúncias de mulheres vítimas da violência na cidade, uma ação foi viabilizada. Por isso, a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava deu início neste mês, a uma campanha que busca conscientizar tanto as vítimas de violência contra a mulher, quanto aqueles que estão próximos e podem ajudar, principalmente, em meio a pandemia e tempos de distanciamento social: os vizinhos.
Assim, até o fim de julho, a expectativa é de que a ação irá percorra cerca de 200 edifícios na cidade para alertar a vizinhança sobre os sinais da violência doméstica. Por fim, a epidemia não é apenas de doenças contagiosas, e não mata apenas desconhecidos. Denuncie! Ligue 181.