O sorriso e a estupidez

Recebi de Marcio Fernandes. Compartilho:

O sorriso e a estupidez

Marcio Fernandes *

Que Guarapuava não é exatamente um exemplo de boas condutas em trânsito, bem sabemos. Que muita gente adora lançar a culpa toda pelos acidentes no modo como o sistema viário é organizado, também é algo afirmativo. Que outros tantos adoram exibir suas supostas habilidades enquanto motoristas, idem. O que espanta é que muitos que deveriam dar o exemplo acabam fazendo exatamente o contrário.
Uma van particular preta de transporte circulava alegremente pelo centro da cidade nesta quinta logo após o almoço. Vidros abaixados, com crianças penduradas nas portas. Pelo menos uma delas não devia ter mais de sete anos. E, não bastasse estar com braços apoiados na porta e parte da cabeça para fora do carro, estava sem cinto de segurança. Não deu para ver a placa, infelizmente.
No meio da noite, na região da praça Cleve, outra cena lamentável. Um Astra sedan preto, com placa de Turvo, abrigava duas crianças penduradas em uma das portas traseiras do automóvel, dirigido por uma mulher que potencialmente era a mãe. Algo como 21h. A criança menor, um menino, tinha cerca de três anos, quando muito. Igualmente sem cinto, ostentava um sorriso tão ingênuo quanto perigoso, com as pequeninas mãos bem agarradas à porta. Sem cinto, reitero.
É impressionante como um vidro abaixado de carro atrai mesmo. O problema é que a doçura de um sorriso de uma criança pendurada na porta é tão impactante quanto a irresponsabilidade de um motorista de van escolar ou de uma mãe. E se este sorriso é sinônimo de vida, o desleixo dos adultos pode ser exatamente o contrário.

* Morador de Guarapuava. E-mail: marciorf@globo.com