Quem passar pela Praça Cleve, a partir desta quinta (1), vai se deparar com movimentação de máquinas. São equipamentos especiais que vão desobstruir galerias pluviais e bueiros. De acordo com o secretário de Obras e de Turismo, o vice-prefeito, Itacir Vezzaro, o objetivo é tentar uma solução para os alagamentos crônicos nesse e em outros pontos centrais da cidade.
Um dos equipamentos fará a sucção do lixo que se acumula em galerias de canalização. Já o outro dará um ‘Raio X’ da canalização para ver saber se há necessidade ou não de reconstrução.
“A Praça Cleve é muito antiga e a canalização é estreita. Hoje a impermeabilização do solo não vence o fluxo de água, provocando a inundação”.
Conforme o secretário municipal de Habitação e Urbanismo, Flavio Alexandre, o problema no logradouro público é complicado. “A pavimentação foi feita na década de 60 e sobre o Arroio Pocinho”.
Esse fluxo subterrâneo de água canalizada corta também outros pontos da cidade. Como a Rua Professora Leonídia, parte da rua Guaíra e da Marechal Floriano Peixoto. Pela tubulação ser antiga e estreita, e também sem impermeabilização da terra, em dias de chuvas intensas, há alagamentos nesse percurso.
A presença de lixo nas galerias pluviais, obstruindo também a passagem da água pela canalização, agrava a situação.
Porém, casas comerciais e residenciais também foram construídas sobre o arroio. Essa situação torna a situação ainda mais grave. Já que, no caso dessa limpeza não surtir o efeito desejado, as outras alternativas serão muito onerosas para o Município.
Uma delas, se possível, é construir o que Vezzaro chamou de “safena”. A outra é ‘rasgar’ a praça e construir novamente. Isso se estende a outros pontos da cidade que tem o mesmo problema.
‘INVESTIGAÇÃO’
Uma investigação nos pontos críticos de alagamentos de Guarapuava está sendo feita pela Companhia de Serviços de urbanização de Guarapuava (Surg). De acordo com a engenheira civil Maria de Fátima Werneck Lange, além da Praça Cleve, que é “bem complicada”, o Parque Trianon também é problemático. “Começa no Parque do Lago e estoura no Trianon. Estamos investigando esse percurso”. Porém, o problema também se agrava pelas inúmeras construções de casas e pontos comerciais de todos os portes. “Vai desde o parque até a rua 17 de Julho”.
Em outro extremo da cidade, na Avenida Moacir Silvestri, atrás do hipermercado, também nas ruas Vicente Machado e Marechal Floriano Peixoto, o problema é o mesmo. “Achamos até pilares inteiro dentro do arroio”. Conforme a engenheira, tubulação da Sanepar também por dentro dos tubos de canalização. “Por isso qualquer galho diminui a capacidade de vazão da água”.
Outro agravante apontado pela engenheira da Surg é que ainda existem muitas galerias de pedra, principalmente, perto da Estação da Fonte. “A gente vai substituindo aos poucos. O processo é gradativo, mesmo porque não existe um cadastro sobre a idade dessas galerias”.
Construída sem planejamento a longo prazo, Guarapuava foi acontecendo aos poucos, conforme as demandas. Entretanto, as construções que vão surgindo, em sua maioria, não obedecem a reserva de impermeabilização. Conforme a engenheira Fátima, cada construção deve ter uma área de grama ou pedra brita. A metragem depende do tamanho e da localização da área construída.
PULMÕES
A construção do Parque da Crianças, na Avenida Manoel Ribas, é um exemplo dos “pulmões” que a cidade possui. De acordo com a engenheiras Maria de Fátima Werneck Lange, da Surg, o parque foi projetado para conter o alagamento sobre a avenida. “Em dias de chuvas o parque alaga e vai esvaziando aos poucos sem afetar a área do entorno”.
DESASSOREAMENTO
O desassoreamento constato dos córregos, arroios e rios na área urbana de Guarapuava é uma atividade constante. O objetivo é prevenir alagamentos em áreas ribeirinhas.
Entretanto, essas ações poderiam ser minimizadas pela conscientização da população que joga toneladas de lixos nos rios. Além da grande quantidade de pneus descartados, é possível ver eletrodomésticos, roupas, entre outros. Desta forma, o serviço que já ocorreu no local precisa ser repetido diversas vezes.
De acordo com o Itacir Vezzaro, uma maneira de preservar o meio ambiente e ajudar na limpeza dos rios, é fazendo parte das feiras solidárias. A ideia é a troca de lixo reciclável por alimentos.