Guarapuava – Uma garantia jurídica conquistada pela Sanepar vai permitir que a empresa execute obras na cidade e no interior mesmo sem a anuência do município que se nega a assinar convênio com a empresa e com a Caixa Econômica Federal.
O investimento que soma R$ 25 milhões será aplicado na construção de uma estação de tratamento de esgoto na região de Vassoural e também na ampliação de 200 quilômetros de rede coletora de esgoto na cidade e no distrito de Entre Rios.
Na cidade serão beneficiados seis bairros: Bonsucesso, Conradinho, Vila Carli, Alto Cascavel, Santa Cruz e Morro Alto. Parte de outros bairros que ainda estão sem rede coletora também serão contemplados.
O anúncio foi feito na quinta-feira (29) pelo deputado estadual Artagão de Mattos Leão Junior (PMDB) durante a sua passagem pela cidade rumo à região. Segundo o deputado, o recurso é oriundo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Até 2007 Guarapuava já contava com 99,64% da população abastecida com água e 62,84% atendida com os serviços de esgoto. Com as obras anunciadas em breve deverá ter 70% da população integrada ao sistema de coleta e de tratamento do esgoto. Até 2010, este índice saltará para 80%.
A população de Guarapuava que se ressente com a ausência dessas obras espera há quatro anos, embora o dinheiro esteja disponível durante todo esse período, emboré esse recurso esteja à disposição da Prefeitura há cerca de quatro anos, tendo sido garantido no final da gestão do ex-prefeito Vitor Hugo Burko (PV) durante celebração de contrato com a empresa estatal.
É que um dos primeiros atos do prefeito Fernando Ribas Carli quando iniciou o segundo mandato em 2005 foi questionar judicialmente o contrato assinado entre o ex-prefeito Vitor Hugo Burko (PV) e a Sanepar no dia 3 de dezembro de 2004, prorrogando por mais 30 anos a concessão para que a empresa explore a rede de água e esgoto no município.
Carli entende que o contrato é leonino, ou seja, beneficia apenas uma das partes. Embora reconheça que não há nenhuma ilegalidade no contrato assinado o prefeito sustenta que o município saiu lesado no acordo.
Na cláusula 10º do contrato está previsto que a Sanepar tinha de aumentar o atendimento da rede de esgoto dos 58% existentes há quatro anos para 70% até o ano passado e em mais 10% até 2010. É daí em diante que o prefeito se apega porque, segundo declarações de Carli na época, a partir daí até 2034 quando se encerra o prazo de concessão não há nenhuma outra exigência.
Á época Burko disse que o contrato foi discutido com a Sanepar durante um ano e que o processo foi perfeitamente natural. Segundo o ex-prefeito, se a concessão da Sanepar não fosse prorrogada a exploração da água tratada teria que ser entregue à iniciativa privada que segundo Burko, por visar lucro acabaria com a tarifa social.
A inclusão de famílias carentes nesse programa que permite o acesso à água com preços subsidiados soma cerca de 25 mil pessoas cadastradas, o equivalente a 18% da população do município. Elas pagam apenas R$ 5,00 mensais para receber 10 mil litros de água por mês.
Na Sanepar o contrato é um assunto que compete somente à diretoria comentar. O presidente Stênio Jacob na tarde de quinta-feira (29) fechamento desta edição – estava em reunião de planejamento no Palácio Iguaçu, enquanto os demais diretores encontravam-se em Londrina.
Cumpre rigorosamente
Em 2007 o diretor comercial da Sanepar Natlio Stica esteve em Guarapuava numa audiência proposta pela Câmara de Vereadores na primeira gestão do presidente Admir Strechar.
Stica afirmou que a Sanepar estava cumprindo rigorosamente o contrato de concessão que foi renovado em 2004. Os benefícios para o município são muitos. Somente com a bonificação de 50% nas tarifas para os prédios públicos, o valor já chega perto dos R$ 850 mil acumulados desde a renovação.
Após essa polêmica a assessoria jurídica da empresa encontrou uma garantia jurídica que vai beneficiar milhares de famílias guarapuavanas. Com ou sem anuência do município as obras vão ser executadas, anuncia Artagão Junior.
A licitação para o projeto será aberta já em fevereiro e será realizada num prazo de 90 a 120 dias. Tão logo essa fase esteja concluída, as obras terão início e vão ser realizadas em duas etapas. Inicialmente, será construída uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na região do Vassoural na PR 170 Km 2,5, estrada de acesso ao município de Pinhão. O investimento será de aproximadamente R$ 12,5 milhões. A segunda etapa será a construção de 200 quilômetros de rede de coleta de esgoto em bairros da cidade e no distrito de Entre Rios.