22/08/2023
Educação Guarapuava

Ocupação na Unicentro divide alunos

imagem-120842

Da Redação

Guarapuava – A ocupação e interrupção das aulas no campus Santa Cruz da Universidade Estadual do Centro-Oeste está sendo alvo de polêmicas entre os acadêmicos, que encontram-se divididos em dois movimentos: “Ocupa Unicentro” e “Unicentro Livre”.

Os universitários favoráveis a ocupação afirmam que a decisão foi aprovada nas três, das quatro assembleias realizadas pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e que a medida foi tomada em apoio às ocupações que tomaram conta das escolas estaduais nas últimas semanas. Dizem ser um ato de resistência contra a aprovação da PEC 241, que propõe um teto e o congelamento de gastos públicos pelos próximos 20 anos, e a reforma do Ensino Médio proposta na MP 746.

De acordo com a integrante da Comissão de Divulgação da Ocupação, Kauane Zampiva, a assembleia geral definiu que a ocupação paralisa as aulas. Houve assembleia nos dois turnos no campus Santa Cruz e duas no Cedeteg. " Das quatro, três assembleias decidiram por ocupar a Universidade.  Apenas as aulas e o setor administrativo foram parados, as outras atividades estão acontecendo normalmente".  

Além de luta contra a aprovação da PEC 241 e da MP 746, os acadêmicos que aderiram ao movimento debatem temas pontuais como a instalação de um Restaurante Universitário, residência estudantil e outras pautas específicas de cada curso. "Um documento especificando quais são as reivindicações será elaborado e enviado à Reitoria e às coordenações de cursos”, diz Kauane. Por outro lado, universitários contrários à ocupação questionam não só o caráter da ocupação, como também a legitimidade das assembleias.

Para eles, o direito de se manifestar contra ou a favor de uma medida governamental não deve esbarrar no direito de estudar e transitar pelo ambiente da Instituição.

Segundo o acadêmico de Ciências Contábeis Emanuel Marcondes, não houve uma circulante oficial divulgando a assembleia e muitos alunos nem tomaram conhecimento do fato. Ele reclama também que durante, não teve condição de debate. "Os favoráveis a ocupação falaram 40 minutos e na hora do pronunciamento de quem era contrário, cortaram o microfone em 10 minutos de argumentação. Na hora da votação, nenhum critério de identificação foi usado… Professores e alunos do Ensino Médio votaram também". De acordo com Kauane, o critério adotado foi o da maioria votante, sem a exigência do Registro Acadêmico (RA).

Ela argumenta que foi seguido o padrão de votação utilizados pela Adunicentro e pelo Sintesu, dois sindicatos de professores e servidores da Universidade. "Não tem como  a gente mensurar quem é acadêmico ou não, mas esse sistema de votação é legitimado". Já Emanuel discorda desse critério.

"Estamos solicitando, através de medidas legais, que haja uma nova assembleia cujo critério será: apenas votará com apresentação do Registro Acadêmico. Nosso movimento é apartidário e diferente do DCE, que está agindo manipulado por forças políticas e de maneira que beneficiam as mesmas. Nós não somos a favor da PEC, nós somos a favor das aulas. Apenas queremos poder estudar”.

Ainda de acordo com o estudante, o movimento "Unicentro Livre" já possui um abaixo assinado de mais de 600 assinaturas dos universitários.

A REITORIA

Em entrevista à RSN, o vice-reitor da Unicentro, Osmar Ambrósio, disse que no primeiro dia de ocupação as atividades administrativas aconteceram normalmente, mas que na manhã desta quarta (19), um "grupo radical" decidiu, sozinho, ocupar também o setor administrativo. "São cerca de 30 que estão irredutíveis, não estão abertos ao diálogo e não permitem a entrada. O campus está parado". O vice-reitor diz observar que essa situação terá desdobramentos negativos, que poderão afetar outras pessoas. "Os estagiários correm o risco de não receber, pois não é possível gerar a folha".

Ambrósio também critica a maneira como o grupo está agindo. “Entraram e colocaram cadeados em tudo. Essa medida não faz parte da decisão tomada em assembleia, que era a de paralisar as aulas. Esse grupo tomou decisões por si só e tomou medidas que geram prejuízos a toda universidade. Além do mais, não me parece ser uma decisão unânime, pois há alunos se manifestando contra esse formato de ocupação, já que causa muitos prejuízos ao ano letivo”. 

Na manhã desta quarta, a Universidade divulgou uma Nota Oficial lamentando os prejuízos que a ocupação está causando à Instituição e à sociedade regional. 

NOTA OFICIAL

"A Administração Superior da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) vem a público lamentar a atitude de um grupo de estudantes que, desde o início da manhã de hoje (19), não permite o funcionamento do Campus Santa Cruz e da Reitoria, em Guarapuava, na medida em que docentes, funcionários e estagiários estão sendo impedidos de trabalhar. Tal ação prejudica enormemente a Universidade, provocando perdas também à sociedade regional.

A Administração da Unicentro ressalta que apoia os manifestos estudantis dos últimos dias desde que respeitadas as garantias legais, como o direito de ir e vir e de desempenho das atividades profissionais. O bloqueio em vigor apenas provoca danos, sobretudo a estagiários, a estudantes que recebem assistência estudantil, a alunos bolsistas e às demais pessoas que são diariamente atendidas pela instituição.

É notório ainda que a maior parte do alunado não apoia essa nova forma de manifestação, que inclui o bloqueio total do Campus. A Administração da Unicentro está tomando as medidas jurídicas cabíveis para a retomada da normalidade bem como realiza esforços permanentes para evitar conflitos de qualquer espécie."

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.