Curitiba – Os deputados da Oposição consideraram uma provocação a declaração do governador Roberto Requião convocando os parlamentares oposicionistas para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de investigar a venda das ações da Previ sobre o terminal da Ponta do Félix, em Antonina.
Nós alertamos desde o ano passado para o negócio nebuloso que envolvia a transação. É de suspeitar que somente agora que a negociação parece estar fechada o governador resolve admitir a existência de irregularidades e chama a Oposição para ajudar a decifrar o imbróglio, disse o líder da Oposição, deputado Élio Rusch (DEM). O governador teve a oportunidade de acompanhar de perto essa questão, e agora, tardiamente, ele admite que a Oposição sempre esteve correta.
Rusch considerou normal a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, vender as suas ações, já que após as restrições impostas pelo Governo o Terminal passou a gerar prejuízo.
Foram várias as tentativas de venda e sempre acontecia algo que impedia. Teve um grupo interessado na compra que, inclusive, assumiu o compromisso de fazer investimentos na cidade de Antonina. Mas algo estranho aconteceu na Administração dos Portos em Paranaguá que não permitiu a venda.
O vice-líder da Oposição, deputado Douglas Fabrício (PPS), disse que se o governo realmente quiser instalar a CPI pode contar com a própria base.
O governador tem deputados suficientes para a CPI. Sinto que só o governador quer essa investigação e não o governo. Apoio uma investigação séria para abranger todos os problemas dos portos do Paraná e o primeiro a ser convocado tem que ser o ex-superintendente da APPA, Eduardo Requião.
O deputado Durval Amaral (DEM) disse que no momento não vê a necessidade de se criar uma CPI.
Podemos pensar em uma Comissão Especial de Investigação, mas acredito que o ideal é ouvirmos primeiro o presidente da Fundação Copel, Edílson Bertoldo, que já tem um pedido de convocação aprovado pelos deputados.
Amaral apontou um suposto lobby realizado pelo presidente da Fundação Copel a fim de favorecer a venda do Terminal para um determinado grupo privado, em detrimento dos interesses da própria Fundação.
O grande objetivo da Oposição era o de alertar a triangulação para beneficiar um grupo privado. Era uma denúncia extremamente grave que deveria ser apurada pelo Governo porque são os interesses dos funcionários da Copel e outros fundos de pensão que estão em jogo, declarou.
Banco Santos
A discussão envolvendo a aplicação dos recursos da Fundação Copel fez vir à tona outro alerta feito pela Oposição, sobre os investimentos no Banco Santos, que teve sua falência decretada em 2005.
Na ocasião, os deputados alertaram para as aplicações de R$ 37 milhões que a Fundação possuía no banco, que já passava por intervenção desde o ano de 2004.
Foi perdida uma fortuna da Fundação Copel com a falência do Banco Santos e vi os deputados em dúvida de como agir devido ao posicionamento do governador. Agora como o governador foi contrariado todos querem a instalação de uma CPI, disse o deputado Valdir Rossoni (PSDB). Por que não foi tomada essa atitude quando a Fundação Copel perdeu os investimentos daquelas aplicações?, questionou.
Rossoni disse ainda que o governador não tem o poder de demitir ou exonerar o presidente da Fundação Copel.
Até onde sei isso não é possível. Ele foi escolhido por um conselho e cabe a esse conselho decidir ou não pelo afastamento.
O deputado lamentou o estado caótico do porto de Antonina e da população que vive na cidade.
São pessoas que estão sem emprego e a cidade sem estrutura. O que fizeram com o porto de Antonina foi uma grande bravata. Paralisaram o porto para perder valor e depois negociar.