22/08/2023
Economia

Orgulho ambulante: Vendedores se dizem felizes

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Diego Canci

Achar nas ruas vendedores de doces, pipoca ou mesmo sorvetes é algo fácil em Guarapuava. Basta andar um pouco pelo centro da cidade para ver que os ambulantes são muito comuns no cenário guarapuavano. Alguns desses vendedores estão há muito tempo trabalhando com isso, e nem ao menos se imaginam fazendo outra coisa. É o caso de Jonival Alves de Araújo, que trabalha vendendo sorvetes em carrinhos há quase 28 anos. “Eu vendo meus sorvetes aqui na Praça (9 de Dezembro) vai fazer 28 anos e sou ambulante há 46, e nunca fiz outra coisa. Eu sou feliz fazendo isso e é do sorvete que tiro meu sustento”, declara. Seu Jonival garante que consegue manter suas vendas mesmo no inverno rigoroso de Guarapuava. “É um pouco mais difícil no inverno, mas eu continuo aqui. Eu só tenho que tirar uns 20 dias de férias em julho, mas aproveito para descansar”, admite ele.
 

O frio que atrapalha seu Jonival, ajuda o Luiz de Paula. O vendedor de pipocas que trabalha na Rua XV de Novembro há 38 anos afirma que o inverno é a melhor época do ano para suas vendas. “O melhor é no início do inverno, porque os meus clientes gostam da doce (pipoca). Eu consigo levar bem até quase em dezembro, mas depois que o calor chega, as pessoas já não querem comer pipoca doce”, revela.

E vender pipoca é um negócio de família. Seu Luiz começou ajudando seu pai quando tinha apenas 10 anos. Desde então ele nunca fez outra coisa. É da pipoca que tira o sustento da família. “Já são 38 anos vendendo aqui na XV (Rua XV de Novembro). Meu pai vendeu também por mais de 50 anos. Os filhos e netos dos clientes dele compram de mim hoje”. E ele tem clientes fixos. “Tem gente que compra aqui todo dia, aí eu já sei até o que querem. Tenho clientes de Cantagalo, Pinhão e até gente de Pitanga compra pipoca aqui”, afirma o ambulante.

E não foi apenas Luiz que seguiu os passos do pai. Sua irmã Carmen Lúcia de Paula também trabalha como vendedora ambulante bem perto do irmão. Carmen porém, não vende pipoca. Ela optou pela venda de doces de coco e amendoim. Com 8 anos de idade começou ajudando o pai, parou por um tempo, mas sempre trabalhou com isso. “As pessoas já me conhecem aqui. Muitos clientes que foram do meu pai, hoje compram de mim. Até mesmo alguns filhos dos clientes dele são meus clientes agora”.

A moça conta ainda que todo o sustento da sua casa e de seus dois filhos vem do dinheiro com as vendas na Rua XV de Novembro. “Eu pago aluguel, luz, sustento meus filhos, tudo com o dinheiro que vem daqui”, comenta Carmen. Além disso, ela afirma que gosta muito do que faz, e que não pretende deixar de ser ambulante. “As pessoas me perguntam porque eu não faço outra coisa. Um emprego com carteira assinada. Mas eu não penso em fazer outra coisa, não me imagino sem isso. Todos os dias eu converso com as pessoas, dou conselhos. É como uma terapia”, completa ela.  

Cristina Esteche

Jornalista

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