22/08/2023

Ou avançamos ou recuamos, o que não dá mais para ficar é onde se está

As pessoas normais estão rejeitando tudo o que se diz de política, para o bem ou para o mal. Uma verdadeira ojeriza. Tudo o que se diz ou que se faz sob o signo da política é reprovado pelo cidadão comum, principalmente quando  proposto pela situação ou pela oposição. Poder sem autoridade é uma coisa nova na nossa cultura e não estamos sabendo lidar bem com isso, nem eles.

As vozes mais sensatas vêm daqueles que  se intitulam dissidentes do sistema político vigente ou que conquistaram um alto grau de autonomia para com  coragem se pronunciar  sem perder a consciência da sua falibilidade. Vejo  que carecemos de uma  necessária formulação de perspectivas imaginativas que escape de avaliações comuns.  Infelizmente, são poucas as vozes que, sem estarem instrumentalizadas pela situação ou oposição, irritam-se  sobre desenvolvimentos interesseiros aqui e ali.

Está difícil encontrar uma espécie de terceira via como lugar correto da política. Este tipo de segmento está cada vez mais em extinção e isto é muito ruim para a democracia.

 São raros aqueles que dentro do sistema  decidem dizer o que em sua opinião é certo ou errado.  Mesmo assim, este tipo de sujeito ainda existe.  Este tipo de análise independente nos ajuda a compreender melhor o funcionamento das coisas em Política, em Governo e em Estado.  Daí a necessidade de não remar por remar ou atacar por atacar. É impossível derrotar um poder se não compreendermos sua  verdadeira lógica e seus pontos vulneráveis e isto não vem de graça, não vem dos discursos oficiais.

É desonestidade intelectual assumir que as coisas estão boas e que vão melhorar naturalmente, até porque do jeito que está a sociedade em que vivemos  já não tem sido  uma sociedade política, mas sim uma sociedade à deriva que quando se mexe e se movimenta, não sabe exatamente para qual horizonte marchar.  Foi o filósofo político José Arthur Giannotti, conhecido por seu passado moderado e equilibrado como ideólogo do PSDB nascente que disparou uma frase que evidencia o desequilíbrio e a leviandade do partido que se considera atualmente a maior oposição ao atual governo. Escreveu: “Os tucanos agem de forma muito irresponsável em relação à crise”. Da mesma forma, destacou que lamentavelmente os governos contemporâneos não querem governar enfrentando as causas, mas unicamente as consequências.

Infelizmente, a política profissional não faz uma  política responsável, estão apenas empenhados em derrubar ou tirar e parecem não saber que,  ao fazer apenas isto,  estão nos colocando em um caminho sem volta e sem perspectiva. Não custa aqui lembrar a metáfora de Habermas quando escreveu que o que precisamos agora é de discernimento para ‘jogar a água suja da banheira  sem perder o  bebê’.

A política responsável não está em derrubar este ou aquele, mas sim em encontrar um caminho, um norte que nos possibilite viver melhor.  Não podemos ficar neste estado de incerteza e de vazio onde tudo é especulado. Ou avançamos  ou recuamos, o que não  dá mais para ficar  é onde  se está.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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