Não tenham medo, denunciem sempre. Precisamos acabar com essa cultura machista e opressora dentro das universidades. Eles estão por aí, em todos os lugares. Basta.
Os Spotteds são páginas no Facebook que os jovens utilizam para tentar descobrir quem uma pessoas é pelas características físicas ou quem sabe enviar aquela indireta amigável. O espaço também é conhecido pelas paqueras que proporciona. Afinal, não há identificação e a interação pode promover bons risos ou quem sabe ‘lances’. Entretanto, uma mensagem deixada em uma página de Spotted criada por alunos da Unicentro chamou a atenção.
O que era para ser um ambiente de brincadeiras, ‘cantadas’ e interação se tornou também um espaço utilizado por alunos para denunciar assédio dentro da universidade, ou, alertar as alunas que chegam. Ao pesquisar o tema no Facebook, é possível se deparar com vários relatos de indignação, de apoio às mulheres e de medo, como o publicado no início do ano letivo.
Uma mensagem para as calouras de Letras, tem um professor de literatura cujo nome não vou falar (mas é bem óbvio quem é) que me assediou ano passado e o mesmo persegue quem o enfrenta. Caso ele se aproxime de vocês, se afastem e se houver assédio, denunciem. Eu não tenho coragem por medo e não quero que o mesmo aconteça com vocês, de coração.
Os comentários não param, muitos relacionados a professores e abuso de poder. As investidas não ficam apenas em palavras. Conforme informações recebidas pelo Portal RSN, os professores se aproximam de forma amigável, trocam número de telefone com alunas e o jogo muda. “O que mais ocorre é pedir fotos. O que você tá fazendo? Manda uma foto para mim. Mas a gente sabe que hoje em dia ‘o manda foto’ não é mais registrar algo que você tá comendo ou assistindo. Você sabe a foto que a pessoa quer”.
Além disso, o medo anda ao lado das alunas, seja pela perseguição dentro da universidade ou fora. “Elas ficam com medo do que pode vir pela frente. Com medo de denunciar e com medo de como esses homens podem reagir. Teve um caso de uma aluna assediada que ela buscou ajuda do departamento do curso dela, mas o pai dela não deixou ela levar a denúncia para frente, disse que não valia a pena”.
Alunas indignadas, seguem com depoimentos afirmando que não acreditam na naturalização de assédio. “Eu só consigo pensar, como pode essa pessoa [assediador] ainda estar na Unicentro, livre e impune? Sério denunciem, processem”.
OUVIDORIA
Na Ouvidoria da Unicentro, a equipe responsável ressalta o comprometimento dos gestores da universidade em prevenir, punir, bem como erradicar o assédio no ambiente universitário. Desse modo, a Ouvidoria orienta que ao fazer uma denúncia, a pessoa indique as provas ou testemunhas para que seja possível resolver a situação. Em nota a Unicentro apontou que repudia qualquer forma de assédio.
“A Reitoria da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Unicentro, informa que repudia toda forma de assédio, bem como qualquer tipo de violência, tendo em sua estrutura unidades atentas a esses casos e à disposição para atender às vítimas. Inclusive, muitos são os projetos desenvolvidos na Unicentro no combate à violência e ao assédio. Exemplo disso são os projetos do Núcleo Maria da Penha e do Florescer. Sempre que preciso, a Unicentro está preparada para tomar todas as medidas legais cabíveis no âmbito da instituição, bem como para auxiliar às vítimas. Para todos aqueles que precisarem, a Reitoria informa para que entrem em contato com a Ouvidoria da Unicentro ou com a Coordenadoria de Apoio ao Estudante”.
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