Da Redação, com assessoria MP e Jornal de Rolândia
Rolândia – O Tribunal do Júri de Rolândia, no Norte Central Paranaense, condenou na noite dessa quinta feira (20), um casal acusado pelo assassinato da filha de quatro anos. Thais Dayane Moisés recebeu pena de 28 anos e oito meses de reclusão, e Edson Aparecido Bergamaski, 28 anos e um mês – a pena do réu foi menor porque ele confessou o crime de ocultação de cadáver.
Todos os pedidos do Ministério Público do Paraná foram aceitos. A 3ª Promotoria de Justiça da Comarca, que atuou na acusação, defendeu a tese de homicídio com quatro qualificadoras (motivo fútil, emprego de asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio) e ocultação de cadáver.
O crime ocorreu entre 31 de dezembro de 2015 e 1º de janeiro de 2016 – não foi possível precisar a data, já que o corpo foi encontrado em decomposição, num terreno baldio de Rolândia. Na época, o assassinato causou grande repercussão por envolver criança, por não ter sido registrado nenhum caso de desaparecimento de menina na região (o que dificultou a identificação) e, posteriormente, pela descoberta de que os responsáveis pela morte eram os próprios pais, que, após o crime, fugiram para São Paulo.
O CASO
O corpo de uma menina foi encontrado no dia 04 de janeiro de 2016, já em avançado estado de decomposição, em um terreno baldio no Jardim Monte Carlo II. Os moradores perceberam o forte cheiro e pensaram que fosse um animal morto, mas quando chegaram ao local encontraram o corpo da criança.
A Polícia Civil de Rolândia desvendou o caso ainda em janeiro. Tratava-se de Maria Clara Moisés Cavalcanti, de 4 anos de idade – a mãe da criança, Thais Dayane Moises Cavalcanti, de 22 anos, foi presa em Cabrália Paulista e falou sobre a morte da filha – na época, o delegado Valter Helmut estava à frente da delegacia de Rolândia.
"A mãe disse que a filha estava passando mal e tinha dores estomacais, e que ela deu Buscopan para a criança. Ao acordar no meio da noite, ela e o marido, Edson Bergamaski, perceberam que a criança estava morta. Ela diz que o marido pediu pra ela sair da casa e sumiu com o corpo”, afirmou o delegado naquela ocasião. O homem teria deixado o corpo da menina em um matagal. "O casal havia se mudado para Rolândia há poucos meses e resolveu regressar à cidade de Cabrália. Iam tentar esconder o que aconteceu. “Os parentes em Cabrália começaram a desconfiar da falta da criança e eles diziam que ela estava com a avó ou com um tio”, explicou Walter Helmut.
Dias depois, o pai da menina foi preso e confessou ter agredido a criança em um “acesso de raiva”. Edson Aparecido Bergamaski afirmou que Maria Clara estava fazendo muita bagunça. “Eu dei um chacoalhão no pescoço dela, mas não tive intenção de matá-la”, teria dito Edson. O depoimento do acusado foi dado no sábado, 30 de janeiro de 2016, ao delegado Walter Helmut. No dia anterior, o Instituto Médico-Legal de Londrina (IML) já havia confirmado que a morte de Maria Clara tinha sido causada por asfixia.
Segundo o delegado, o pai da criança admitiu ter usado força desproporcional ao dar a bronca na menina. “Ele diz ter ficado nervoso e a chacoalhou. Depois, a criança foi levada para o sofá e começou a apresentar problemas na respiração. Os pais a teriam medicado, mas ela não resistiu e teria morrido na manhã seguinte”, afirmou o delegado.
O casal tem, ainda, um menino de 3 anos e uma menina de 7 – as crianças estão em um abrigo no interior de São Paulo. Apesar de já terem perdido a guarda dos filhos mais de um vez, o pai afirma que eles nunca teriam sofrido maus tratos e se diz arrependido pela morte da filha. O casal era usuário de drogas.