A palestra “Os Desafios de uma Nação”, que seria ministrada em Guarapuava pelo general da reserva do Exército, Antonio Hamilton Martins Mourão, o General Mourão (PRTB), foi cancelada. O evento ocorreria nesta quinta feira (9), em uma realização do Sindicato Rural e Sociedade Rural de Guarapuava. O general é conhecido por posicionamentos polêmicos, como quando sugeriu uma nova intervenção militar como possível solução para a crise política instaurada no Brasil. Pouco tempo depois, ele contradisse as próprias declarações, afirmando que “intervenção militar não é varinha mágica”.
General Mourão aceitou recentemente o convite para ser vice do candidato Jair Bolsonaro (PSC) e, com isso, participará do debate da TV Band, que ocorre na noite desta quinta. O aceite de Mourão ao convite de Bolsonaro foi recebido com certa surpresa, já que o próprio general havia informado, em entrevista à Gazeta do Povo, que não iria disputar nenhuma cargo nas eleições de 2018. Na mesma entrevista, em junho, ele disse, entretanto, que estaria disponível para compor com Bolsonaro em um eventual cargo no Executivo.
Na última segunda feira (6), uma declaração de Mourão gerou polêmica em um evento no Rio Grande do Sul.
“Ainda existe o complexo de vira-lata aqui dentro do nosso país, infelizmente, e nós temos que superar isso. E está aí essa crise política, econômica e psicossocial. Nós temos uma herança cultural, uma herança que tem muita gente que gosta do privilégio. Então essa herança do privilégio é uma herança ibérica, temos uma certa herança da indolência que vem da cultura indígena – eu sou indígena, presidente, meu pai era amazonense. E a malandragem, Edson Rosa, nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então esse é o nosso cadinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas”, disse Mourão.
Diante da polêmica, o Jornal Nacional e outros veículos de comunicação procuraram o general, que alegou um mal-entendido.
“Ficou uma interpretação um tanto quanto distinta da ideia que quero passar quando eu toco nesse assunto. Eu lembro sempre nós, brasileiros, somos frutos da amálgama de três grupos: o branco europeu, o indígena que já havia aqui na nossa América e mais dos negros que vieram da África na tristeza que foi a escravidão. Ainda existe uma questão de muita gente que gosta de privilégios, aliás, privilégio só não gosta quem não tem. Essa questão da malandragem muitas vezes se fala que determinados habitantes de alguns estados do país são malandros. E a questão do cara que gosta de chegar mais tarde, gosta de chegar atrasado. Então é um cadinho da nossa cultura. Em nenhum momento eu quis estigmatizar qualquer um dos grupos até porque somos um amálgama de raças. Não tenho nenhum traço, vamos dizer assim, de branco europeu para querer para estigmatizar alguém”, disse ao JN.