Faltando cerca de sete dias para encerrar o prazo do inquérito que investiga as mortes de duas crianças, a delegado Ana Hass dá o caso como praticamente elucidado. De acordo com a policial, a mãe confessou os crimes ocorridos num condomínio de alto padrão em Guarapuava.
Embora Eliara Paz Nardes de 30 anos tenha dito que matou o casal de filhos no dia 13 de agosto, há indícios que o menino, de três anos, tenha sido o primeiro a morrer. Conforme a delegada, a menina de 10 anos teria sido assassinada quatro dias depois. Ou seja, em 17 de agosto.
Por conta disso, caso a perícia confirme essa diferença de dias, Liara pode responder também por tortura e cárcere privado. Além de duplo homicídio, ocultação de cadáveres e fraude processual. Entretanto, somente no último sábado (27) os crimes foram descobertos pela polícia. Conforme as informações da polícia, um advogado, amigo da mulher, avisou policiais após ela ter contado a ele.
Durante a entrevista, a delegada deixou transparecer a frieza da mulher num crime premeditado. “Quando chegamos no apartamento ela estava sentada no braço de um sofá-cama. Ela já estava esperando, mas não esboçou nenhuma reação. Apenas quando falei que ela seria presa e sobre a fraude processual”.
Conforme a delegada, durante os 15 dias em que conviveu no mesmo ambiente com os filhos mortos, Liara limpou a parte da casa onde ficava e trabalhou home-office. Ela chegou a oferecer empréstimo consignado a policiais. “Somente no banheiro havia muita roupa suja de sangue”.
CARTAS TENTAM JUSTIFICAR OS CRIMES
De acordo com Ana Hass, nas buscas feitas no apartamento duas cartas foram encontradas. “São cartas longas, uma de oito páginas e outra de três ou quatro. Elas dizem que até o momento em que ela tinha só a filha a vida dela era boa, apesar do pai da filha ser falecido, ela ainda conseguia, mas depois que ela encontrou o pai do menino, tudo se tornou [palavrão], porque ele era um pai [palavrão]. É bastante interessante porque parece que ela tem rancor muito grande do pai do menino. O pai da menina já é morto”.
Na percepção da policial, os textos procuram a defesa da criminosa. Além disso, outros fatos confirmam a frieza da mulher. “Já ouvimos três pessoas e agora vamos ouvir o porteiro”. O motorista da van do transporte escolar disse que tentou contato com a mulher por causa das faltas da menina. No entanto, ela não respondeu nenhuma mensagem.
Já na Escola Municipal Carmen a mãe disse que a filha estava doente e depois não mais respondeu. Conforme o procurador do município, Orides Neto, a diretoria da escola fez um relatório que foi entregue à delegada após a entrevista.
Ao Portal RSN a delegada descartou a possibilidade de solicitar uma avaliação psiquiátrica da mulher e descarta que ela tenha sofrido um surto. “Justamente pelo fato dela mesmo ter afirmado que nunca passou por um tratamento e nunca teve nenhum outro tipo de episódio, nós não estamos trabalhando com essa hipótese, de que a suspeita tenha passado por um surto. Até porque toda a dinâmica dos fatos nos leva a crer que isso não aconteceu. Primeiramente ela teria até premeditado este crime e posteriormente, ao passar 15 dias com as crianças, nós entendemos que ela passou esse tempo bolando estratégias de defesa ou bolando formas de se escusar e apresentar as forças policiais”.
TRANSFERIDA
Por fim, a delegada informou que Eliara não se encontra mais na cadeia de Guarapuava. “Ela foi transferida para outro local que não vamos divulgar por questão de segurança. Mas não é a cadeia feminina de Pitanga”. Antes, porém, ainda nessa segunda (29), ela passou por audiência de custódia acompanhada por um advogado. Ele, no entanto, disse que não ficará no caso. A julgar pelas informações de criminalistas ao Portal RSN, a alternativa será a nomeação de um advogado dativa. Ou seja, nomeado pelo juiz.
NÔMADE
Eliara, segundo a delegada, costuma mudar de cidade com frequência. “Ela morou em várias cidades de Santa Catarina. Em Guarapuava ela estava há cinco meses”. Tralhando como agente de créditos consignados, ela atuava home-office. Por isso, o menino de três anos ficava em casa com ela. Já a menina estudava em escola municipal. De acordo com a delegada Ana Hass, Eliara mantinha distância de familiares.
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