22/08/2023
Guarapuava Segurança

Para delegada, mãe premeditou as mortes dos filhos em Guarapuava

Delegada disse que não solicitou avaliação psiquiátrica e que a mulher só se surpreendeu quando soube que estava sendo presa

DELEGADA

Delegada Ana Hass (Foto: Josiel Araújo/Mesh)

Faltando cerca de sete dias para encerrar o prazo do inquérito que investiga as mortes de duas crianças, a delegado Ana Hass dá o caso como praticamente elucidado. De acordo com a policial, a mãe confessou os crimes ocorridos num condomínio de alto padrão em Guarapuava.

Embora Eliara Paz Nardes de 30 anos tenha dito que matou o casal de filhos no dia 13 de agosto, há indícios que o menino, de três anos, tenha sido o primeiro a morrer. Conforme a delegada, a menina de 10 anos teria sido assassinada quatro dias depois. Ou seja, em 17 de agosto.

Por conta disso, caso a perícia confirme essa diferença de dias, Liara pode responder também por tortura e cárcere privado. Além de duplo homicídio, ocultação de cadáveres e fraude processual. Entretanto, somente no último sábado (27) os crimes foram descobertos pela polícia. Conforme as informações da polícia, um advogado, amigo da mulher, avisou policiais após ela ter contado a ele.

Durante a entrevista, a delegada deixou transparecer a frieza da mulher num crime premeditado. “Quando chegamos no apartamento ela estava sentada no braço de um sofá-cama. Ela já estava esperando, mas não esboçou nenhuma reação. Apenas quando falei que ela seria presa e sobre a fraude processual”.

Conforme a delegada, durante os 15 dias em que conviveu no mesmo ambiente com os filhos mortos, Liara limpou a parte da casa onde ficava e trabalhou home-office. Ela chegou a oferecer empréstimo consignado a policiais. “Somente no banheiro havia muita roupa suja de sangue”.

Alice, Eliara e Joaquim (Foto: Reprodução/redes sociais)

CARTAS TENTAM JUSTIFICAR OS CRIMES

De acordo com Ana Hass, nas buscas feitas no apartamento duas cartas foram encontradas. “São cartas longas, uma de oito páginas e outra de três ou quatro. Elas dizem que até o momento em que ela tinha só a filha a vida dela era boa, apesar do pai da filha ser falecido, ela ainda conseguia, mas depois que ela encontrou o pai do menino, tudo se tornou [palavrão], porque ele era um pai [palavrão]. É bastante interessante porque parece que ela tem rancor muito grande do pai do menino. O pai da menina já é morto”.

Na percepção da policial, os textos procuram a defesa da criminosa. Além disso, outros fatos confirmam a frieza da mulher. “Já ouvimos três pessoas e agora vamos ouvir o porteiro”. O motorista da van do transporte escolar disse que tentou contato com a mulher por causa das faltas da menina. No entanto, ela não respondeu nenhuma mensagem.

Já na Escola Municipal Carmen a mãe disse que a filha estava doente e depois não mais respondeu. Conforme o procurador do município, Orides Neto, a diretoria da escola fez um relatório que foi entregue à delegada após a entrevista.

Ao Portal RSN a delegada descartou a possibilidade de solicitar uma avaliação psiquiátrica da mulher e descarta que ela tenha sofrido um surto. “Justamente pelo fato dela mesmo ter afirmado que nunca passou por um tratamento e nunca teve nenhum outro tipo de episódio, nós não estamos trabalhando com essa hipótese, de que a suspeita tenha passado por um surto. Até porque toda a dinâmica dos fatos nos leva a crer que isso não aconteceu. Primeiramente ela teria até premeditado este crime e posteriormente, ao passar 15 dias com as crianças, nós entendemos que ela passou esse tempo bolando estratégias de defesa ou bolando formas de se escusar e apresentar as forças policiais”.

TRANSFERIDA

Por fim, a delegada informou que Eliara não se encontra mais na cadeia de Guarapuava. “Ela foi transferida para outro local que não vamos divulgar por questão de segurança. Mas não é a cadeia feminina de Pitanga”. Antes, porém, ainda nessa segunda (29), ela passou por audiência de custódia acompanhada por um advogado. Ele, no entanto, disse que não ficará no caso. A julgar pelas informações de criminalistas ao Portal RSN, a alternativa será a nomeação de um advogado dativa. Ou seja, nomeado pelo  juiz.

NÔMADE

Eliara, segundo a delegada, costuma mudar de cidade com frequência. “Ela morou em várias cidades de Santa Catarina. Em Guarapuava ela estava há cinco meses”. Tralhando como agente de créditos consignados, ela atuava home-office. Por isso, o menino de três anos ficava em casa com ela. Já a menina estudava em escola municipal. De acordo com a delegada Ana Hass, Eliara mantinha distância de familiares.

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Cristina Esteche

Jornalista

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