22/08/2023
Economia

Para lideranças, faltam políticas públicas para a geração de emprego e renda

Falta de políticas públicas na geração de empregos e de renda. Esta é uma das causas apontadas por lideranças empresariais sobre a estagnação econômica de Guarapuava nos últimos anos, como vem mostrando os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). A queda vertiginosa de empregos é relatada mensalmente pelas colocações do município no ranking do Ministério do Trabalho. Em julho, por exemplo, mais uma vez Guarapuava perdeu para municípios de menor porte na região, como é o caso de Pitanga, Prudentópolis, Laranjeiras do Sul, amargando a 44ª. Na agropecuária a perda foi de 58 empregos, enquanto na indústria aconteceram 39 dispensas, contra menos 36 na indústria de transformação.

Para o coordenador regional da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em Guarapuava, o empresário Julio Agner, dentro das condições mercado que se apresentam o desenvolvimento do município encontra-se estagnado. “Se não aparecerem novos negócios a tendência continuará sendo essa. A partir de 2008 a economia cresceu e agora estagnou e se continuar como está não haverá crescimento em ritmo acelerado”, afirmou. “Percebemos que apesar dos anúncios de grandes empreendimentos em Guarapuava a geração de empregos é pouca por causa da automatização”. De acordo com o empresário, em outros municípios há políticas públicas agressivas, ousadas e alguns setores crescem mais do que a média nacional. “Isso não acontece em Guarapuava e se faz necessário”, diz.

Já no Paraná foi justamente o acerto de políticas públicas de geração de emprego e renda e de estímulo à industrialização a causa do destaque como o melhor desempenho entre os estados da Região Sul, na avaliação do secretário estadual do Trabalho, Emprego e Economia Solidária, Luiz Claudio Romanelli. “O Paraná teve o melhor desempenho da região Sul nos últimos 12 meses e mantém a liderança este ano, com um desempenho positivo mesmo num cenário de desaceleração da economia”, afirma.

De acordo com o presidente da Sociedade Rural de Guarapuava, Johann Zuber Junior, o município precisa de uma política de agroindustrialização para agregar valores à produção local e gerar novos de trabalho. “Além disso, é preciso investir no pequeno produtor rural com mais incentivos; promover a integração da atividade leiteira; implantar a cadeia produtiva de frango”, enumera Zuber.

Para Rodolpho Luiz Werneck Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, nos últimos 10 anos a economia mundial cresceu, o Brasil “pegou carona” nesse crescimento, alguns municípios também evoluíram, mas Guarapuava continua sempre atrasada e defasada.
“O mais complicado em tudo isso é que Guarapuava encontra-se num entroncamento rodoviário interessante que é uma ligação entre Foz do Iguaçu e Curitiba; o Sudoeste passa por aqui, o norte também passa por aqui para ir a Curitiba e não conseguimos virar um polo regional, a não ser na educação com os cursos universitários”, observa. Para Botelho, porém, o que é ainda muito pior é que as pessoas de Candói estão indo comprar em Pato Branco e Cascavel, Cantagalo em Laranjeiras do Sul, Turvo em Campo Mourão. “Daqui a pouco nós estaremos indo fazer compras em Prudentópolis”, diz.

A evasão do consumidor da região para outros centros tem uma causa definida. “Não oferecemos opções, não temos investimentos na cidade. É claro que estamos tendo algumas filiais de grande grupos vindo se instalar aqui, mas estão sendo atraídas pelo crescimento financeiro das classe C, D e E de olho nos crediários a longo prazo. Isso não é ruim, mas é um mercado restrito. É bem interessante, mas apenas isso não basta”, afirma.

A falta de agroindustrialização é outra causa apontada por Botelho. “É um absurdo o que vem acontecendo há anos. 90% do milho que aqui é produzido é exportado para outras regiões, não é transformado aqui. O mesmo acontece com o milho, com o soja. Não temos um frigorífico decente para abate de gado de corte, não temos a integração da cadeia de suínos e de aves. Tudo isso faz necessário para gerar emprego, renda e, principalmente, fixar o homem do campo na sua propriedade”, observa.

Uma das grandes expectativas da classe produtora é que os cursos da Universidade Tecnológica Federal (UTPF) provoque mudanças. “Mas é preciso também que o governo ofereça incentivos fiscais para as empresas que desejam se instalar no interior para que gerem serviço. Só assim mudaremos essa situação pois Guarapuava está cercada por municípios que possuem IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) que é muito baixo”, afirmou.

Cristina Esteche

Jornalista

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