22/08/2023


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Paraná alerta para números alarmantes de intoxicação por medicamentos

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Da Redação, com assessoria 

Curitiba – Dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que desde 2012 o Paraná já registrou 17.969 casos de intoxicação causada por medicamentos. Apenas no ano passado, o número chega a 4.053. Mais de metade destes casos ocorre com pessoas entre 20 e 49 anos e pouco mais de 71% das vítimas são mulheres. 

“Esses dados mostram a necessidade de conscientizar a população sobre o uso racional de medicamentos. A automedicação pode mascarar sintomas ou até mesmo provocar intoxicações graves e é importante que as pessoas saibam como evitar essas situações”, ressalta o secretário estadual de Saúde, Michele Caputo Neto.

Os números assustam, e com razão. No comparativo, por exemplo, com os casos de intoxicação envolvendo agrotóxicos de qualquer natureza (883), o número de casos de intoxicação por produtos químicos (1.834) ou os casos envolvendo intoxicação pelo uso de drogas (3.956), no mesmo período, é possível verificar que os medicamentos estão na liderança absoluta. 

A Secretaria revela, ainda, que mais de cinco mil destes casos ocorreram em virtude de fatores como a má conservação do medicamento e a ingestão de produtos fora do prazo de validade, erros na prescrição ou administração e a automedicação. 

USO RACIONAL

O uso racional de medicamentos é um conceito onde o paciente recebe todas as informações necessárias para que faça o melhor uso do tratamento prescrito. Desde o porquê de sua recomendação até qual a maneira correta para armazená-lo em casa. 

“A orientação para uso racional de medicamentos visa despertar uma maior consciência para o assunto evitando que, por exemplo, as pessoas se automediquem ou saiam de um consultório médico com dúvidas. Algo que infelizmente ainda é frequente”, destaca o chefe da divisão de Vigilância Sanitária de Produtos, Luciane Otaviano de Lima.

Para Glaci Fecchio, que há mais de 10 anos cuida da mãe, as dificuldades em coordenar a administração correta de remédios são muitas. “Minha mãe toma oito remédios diferentes por dia e tem medo de que o medicamento vá causar algo ruim. A gente não sabe direito o que ele vai fazer”, relata Glaci.

A Secretaria de Estado da Saúde ressalta que idosos merecem atenção especial neste assunto. Comumente pessoas com maior idade costumam consumir uma maior gama de medicamentos diariamente. Para inseri-los no conceito de uso racional de medicamentos, a Secretaria criou uma série de materiais gráficos, distribuídos em eventos públicos ou mesmo em empresas e instituições, orientando que, por exemplo, criem listas de seus medicamentos e tirem dúvidas com médicos e farmacêuticos. 

O Conselho Regional de Medicina ressalta a importância de se seguir uma receita ao pé da letra. “A receita é a complementação do ato médico”, afirma o pediatra Maurício Marcondes Ribas, conselheiro corregedor geral do CRM-PR. Para o conselheiro, por mais que os sintomas sumam, o tratamento deve ser feito até o final. “Uma dor de ouvido, por exemplo, pede sete dias de tratamento. Mas depois do quarto ou quinto dia, quando os sintomas somem, o paciente não deve parar de tomar o remédio, para que o tratamento seja eficaz”, enfatiza Ribas.

PERIGO

Sintomas considerados mais corriqueiros como dores de cabeça ou garganta dificilmente levam um paciente a uma Unidade de Saúde. Geralmente eles optam por uma farmácia e compram algo que já tenha visto funcionar. 

Paula Rossignoli, do Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde, explica os problemas que isto pode causar. “Muitas vezes nem o farmacêutico nem o paciente sabem exatamente qual é o problema. E tomar um remédio sem uma avaliação médica pode acarretar eventos adversos severos”, afirma. 

Paula fala, ainda, a respeito do armazenamento inadequado de medicamentos dentro de casa: a famosa gaveta de remédios. Deixá-los expostos à luz solar, variações de temperatura e umidade podem reduzir sua eficácia. “É recomendado que periodicamente as pessoas peguem suas caixinhas e gavetas de remédios e façam uma revisão”, reforça. 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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