A geada prevista para esta semana chega à zona rural como agravante. A quebra nas lavouras de trigo, milho e café do Paraná, provocada pelo frio que congelou os campos em 23 e 24 de julho, soma R$ 1,26 bilhão, o equivalente a 2,3% do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária de 2012.
Na reta final de uma safra recorde, o clima consumiu pelo menos dois milhões de toneladas de grãos da temporada 2012/13, conforme o balanço divulgado na quarta-feira (15) pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
O quadro do trigo é o mais grave, do ponto de vista econômico. A perda de 33% na safra, agora estimada em 1,94 milhão de toneladas, representa prejuízo de R$ 728,8 milhões para os produtores e terá impacto sobre os preços de derivados como pães, biscoitos e massas até 2014.
“Contávamos com perdas de até 700 mil toneladas”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Marcelo Vosnika. A quebra de 954 mil toneladas é 40% maior que esse volume. Resultado: as importações vão passar de 70% do consumo deste ano, avaliado em 10,8 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “A Argentina está fechada para exportação. A saída será trazer trigo dos Estados Unidos a US$ 410 por tonelada”, diz Vosnika.
Essa cotação não considera tarifa de importação de 10% – que está suspensa e pode voltar a vigorar no mês que vem -, mas é alta o suficiente para impulsionar os preços no mercado brasileiro. O valor pago ao produtor no Paraná (R$ 45,80 por saca de 60 quilos) está 35% acima do registrado em setembro de 2012. A expectativa da indústria era de que a colheita, que engrena em setembro, baixasse esses índices.
Segundo Vosnika, isso só deve ocorrer a partir do ano que vem. Apenas 10% dos 940 mil hectares plantados com a cultura de trigo no Estado têm seguro, conforme o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Francisco Simioni.
Seguro depende de subsídio
As quebras climáticas são inevitáveis, mas os prejuízos socioeconômicos no campo poderiam ser reduzidos se houvesse maior adesão ao seguro rural, avalia o Governo do Estado. Convencido de que a estruturação desse sistema vai levar tempo, o poder público tenta baratear e, assim, tornar mais atraentes os contratos das seguradoras, que oferecem cobertura parcial e usam índices de produtividade considerados defasados pelo agronegócio.
“Vamos custear metade da parte do seguro que não é subsidiada pelo governo federal”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento. Ou seja, quem consegue 60% de apoio do governo federal e teria de arcar com os 40% restantes, agora vai pagar apenas 20% da apólice.
O Ministério da Agricultura anunciou R$ 700 milhões em subvenção ao seguro rural para 2013, mais que o dobro do valor de 2012, quando apenas 11% da área plantada tinha seguro. O Paraná prevê destinação de R$ 6,5 milhões, sem elevação de orçamento, mas com aumento no número de culturas amparadas de três para 29. O trigo, que tinha subvenção na última safra, ficou com apenas 10% da área coberta por seguro privado.