22/08/2023
Geral

Paranaenses sofrem com exclusão digital

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Da Redação com Gazeta do Povo

Diretoras de escola que não podem responder um e-mail aos pais, postos de saúde sem conexão, localidades rurais que não contam com posto dos Correios porque não há sinal de internet. Essa realidade não é de uma cidadezinha nos confins do Brasil, mas do município de Contenda, que fica na Região Metropolitana de Curitiba, a 46 quilômetros de Curitiba, e se repete por todo o Paraná. Falta de cobertura de sinal ou baixa qualidade, serviços caros e pouco interesse de provedores locais são alguns dos problemas que têm impedido a difusão da tecnologia e a implantação de cidades inteligentes.

Em Contenda há apenas uma operadora de telefonia, a Oi, que não atende todo o território. Como se não bastasse, o sinal é fraco. Para não deixar a cidade no apagão digital, a prefeitura adquiriu um link da Copel Telecom, de 30 megabits por segundo (Mbps), ao custo de R$ 4,2 mil ao mês. Para ter acesso ao wi-fi gratuito, o cidadão precisa adquirir uma antena digital.

De acordo com os mais recentes dados do IBGE, referentes a 2014, 77 municípios do Paraná oferecem acesso ao wi-fi gratuito. O crescimento em relação a 2012 foi de apenas 35%, contra 85% em todo o Brasil. “O problema é muito básico ainda. Queremos explorar todas as potencialidades das cidades digitais, mas nem adianta falar disso se não há o essencial, que é a conectividade”, diz José Marinho, diretor da Rede Cidade Digital.

A falta de conexão é cada vez mais grave e prejudicial ao cidadão, pondera Marinho. “Antes costumávamos falar das pessoas excluídas digitalmente por falta de acesso. Mas hoje, na verdade, quem não tem internet fica excluída socialmente, em vários aspectos”, afirma.

A situação narrada em Contenda exemplifica bem isso: algumas escolas e postos de saúde, mesmo na área central, não tem acesso à internet, atrapalhando os projetos de ensino e o acompanhamento da ficha dos pacientes. “O bairro de Catanduvas do Sul não tem posto dos Correios por isso. As pessoas precisam vir até o centro para usar o serviço”, relata o diretor de TI do município.

CIDADE DIGITAL

Para orientar os gestores públicos sobre os benefícios e dos caminhos para superar as barreiras para implantação tecnológica, a organização Rede Cidade Digital organiza encontros regionais e o Congresso Paranaense de Cidades Digitais, que terá sua terceira edição nos dias 19 e 20 de novembro, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

“A difusão do sinal de internet é fundamental para o desenvolvimento dos municípios. Um município que faz todo o esforço para criar um parque industrial, por exemplo, nem consegue atrair indústrias porque na área não tem sinal de internet”, diz José Marinho, diretor da Rede Cidade Digital.

A Rede Cidade Digital incentiva as prefeituras a criarem redes próprias, interligando as várias secretarias e órgãos. “Não estamos nem falando de internet gratuita, mas de possibilidades de o cidadão acompanhar a vida escolar dos filhos ou imprimir o boleto de IPTU”, explica Marinho.

LEI DA TRANSPARÊNCIA

Segundo José Marinho, da Rede Cidade Digital, a Lei da Transparência, que obrigou todas as prefeituras a manter páginas de internet desde 2013, muitas vezes é inócua. “De que adianta ter toda a informação se o cidadão não tem meios de acompanhar?”, pondera.

Cristina Esteche

Jornalista

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